Blog dos docentes, investigadores e alunos de Ciência das Religiões na Universidade Lusófona (Lisboa)
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Sexta-feira, 23 de Outubro de 2009
DISSERAM QUE O CÉU EXISTE


Não quero escrever nada! Não quero!

Quero apenas vomitar, vomitar palavras, vomitar símbolos, metáforas, crenças e outras coisas mais, sei lá o que. Ta bom! “Pro céu quero ir, ir tu...” Êita! O céu existe? Adentro-me agora em parte do universo celestial protestante.

O céu é bom de mais, pense em um lugar bom para se morar, você não acha? Engraçado, ninguém quer ir morar no céu agora mesmo, quer? Você quer ir para o céu agora? Espere! Deixe terminar de lê o meu blog, afinal, eu também quero ir pra lá.

Meu Deus do céu! Cresci ouvindo falar nesse céu, é céu pra lá é céu pra cá, pense numa ruma de céu que eu sempre escutei. Aprendi que Papai do céu briga, já imaginou? O céu é bom, eu creio nisso, mas é difícil de compreender com a minha pequena massa cefálica, o porquê que ninguém, dito crente, quer ir morar lá agora? Já imaginou? Um lugar bom que ninguém quer ir?

Por que será? O povo da lei de crente em particular, adora o céu, prega o céu, canta o céu, anuncia o céu, ensina o céu e, em muitos casos, impõe-no para os pobres mortais. E o pior é que confundem céu com nova Jerusalém, paraíso, mansões celestiais, reino de Deus, nova terra, casa do Pai, ruas de ouro e cristais, jardim, nuvens e tantas outras nomenclaturas para o céu.

Pense em um céu pra ter nomes! Confesso minha dúvida, qual é o céu verdadeiro que eu vou? Será o céu de Deus? O céu de Jesus? O céu de Cristo? O céu do apostolo Paulo? O céu dos profetas? O céu do visionário João? O céu dos evangelhos ou o céu doapocalipse? Ah! Lembrei!

Será o céu dos missionários catequizadores do povo místico por natureza, digo, dos brasileiros? Qual será o céu mesmo? Será que lá no céu eu irei me encontrar com os meus irmãos e irmãs? Talvez, eu tenha que primeiro cumprir com as mensalidades dos meuscarnês e ainda por cima, ser fiel nos dízimos e ofertas, caso contrário, me lasquei (desculpe-me a empolgação).

Tem hinário que estar completamente recheado de “cânticos espirituais”, de quinhentos, quatrocentos e noventa e nove, falam em céu. Interessante notar que os desejosos e desejosas do céu, a cada dia buscam prosperidade, buscam construir bens terrenos, até dá tempo para planejar o futuro, seus e dos filhos e filhas. Quer dizer que céu agora não? Tudo bem!

Já pensou que paradoxo? Péra aí! Mas, o céu não é bom? Não é nossa morada? E por que aquilo que é bom eu não quero usufruir logo? Estou sem entender mesmo, agora complicou tudo. Um certo dia, eu ouvi um servo de Deus, crente, leitor assíduo da palavra de Deus me dizer: “ ....No céu não entra os mentirosos...”.

Êita! Agora deu certo! Já vi que a maioria dos personagens do Antigo Testamento, das comunidades pós-ressurreiçãoe mais precisamente, dos “santos” missionários, não se encontrará comigo lá no céu. Será que eu vou ta lá também? Hoje mesmo eu menti para uma telefonista de uma dita empresa de cartões de créditos, pois ela queria os números dos meus documentos, e agora? Menti pra ela! Lasquei-me de novo! (desculpe-me a empolgação novamente).

Tudo bem! Se disseram que o céu existe é porque existe mesmo. Você quer conhecê-lo agora mesmo? Topa uma viagem para o paraíso? Péra aí, é paraíso ou céu? Deixa pra lá, o importante é acreditar no que nos disseram.

Vá duvidar pra você vê o que é bom pra tosse, aí você vai queimar no fogo do INFERNO, mas isso será na próxima reflexão. Aqui é só céu. Aguarde o inferno em breve!

                 

Adriano Trajano

Pastor da Igreja Batista em Chã Preta e desejoso do céu.

(aluno da Pós-graduação com acesso ao Mestrado em Ciência das Religiões)

publicado por Re-ligare às 09:24
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Segunda-feira, 19 de Outubro de 2009
Guardem os vosso rebanhos, pastores

Fernando Pessoa, agora na pele e na pena de Alberto Caeiro escreveu: «Sou um guardador de rebanhos, e os rebanhos é os meus pensamentos».

O problema não é ter muitos pensamentos - ah pois.... é que há por aí quem queira matar o rebanho e convencer-nos, ou forçar-nos, a parar de pensar. As ideologias no topo da lista – religiosas e outras!
O problema é outro e Sarte tinha razão: «o inferno são os outros». E é... esses muitos outros que nos habitam, nos incomodam, nos inquietam cá dentro....esses muitos outros (pensamentos) interiores que, como rebanhos rebeldes, não conseguimos domar e dominar! Esse é que é o problema: as ovelhas negras! Há que aprender a lidar com as ovelhas negras.
 
Que os montes e vales da nossa vida sejam povoados - densamente povoados - de pensamentos. Muitos pensamentos. Até, quem sabe, pensamentos difusos, díspares, diferentes mas que, no fim do dia, no fim da vida, conseguimos recolher como o pastor recolhe as ovelhas no redil. E tornam-se, como que por magia, num rebanho afinal ordenado, conjugado, coerente, em que tudo fazia sentido sem termos, afinal, sentido dessa maneira
 
Guardem os vosso rebanhos, pastores.
 
Luís Melancia
Docente na Lic. de CR
publicado por Re-ligare às 01:17
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Sexta-feira, 16 de Outubro de 2009
Mário Motas Marques, um desejo numa vida

Conheci o Mário Mota Marques há uns anos atrás. Não sei muito bem quando. Rapidamente o Mário Mota Marques passou a ser parte da forma como eu encarava o mundo, parte da minha mundivisão. Para mim, ele sempre existira.

 

Mas as meadas são para ter um fio. E este fio é o do diálogo entre as religiões e entre estas e o Estado. Quando cheguei ao campo destas temáticas, trazido pelo nosso amigo comum, deparei-me com a figura sempre bem posta e ainda mais alegre, sorridente e agradável do Mário Mota Marques. Era ele quem conhecia os "cantos à Casa", se é que com tais imagens se pode falar do diálogo entre religiões.

 

Ele conhecia todos e era querido por todos. Muçulmanos, judeus, cristãos, budistas e hindús, só para citar alguns, todos reconheciam no Mário Mota Marques um dos elos fundamentais na sólida boa relação entre as religiões em Portugal.

 

Trabalhador incansável, impulsionador sem limites, o Mário Mota Marques trabalhava em lutas sem fim em prol da dignidade e da igualdade de tratamento entre religiões. Na sua capacidade louca de trabalho, ele era o elo de continuidade entre todos e, no fundo, trazia ao mundo uma das principais imagens que eu tenho da Fé Bahá'í: acima das diferenças religiosas, construir uma Casa Comum onde os princípios de humanismo sejam superiores a todas as dissenções.

 

Sendo Bahá'í, Mário Motas Marques era mais que a sua convicção religiosa. Ele trabalhava sempre para o grupo. Fomentava o diálogo. Exortava.  Dava sentido às coisas mesmo quando elas pareciam ser sacudidas por ventos fortes.

 

Espantosamente, imagem de alguém muito sólido, conseguiu olhar-me com um sorriso quando lhe disse que alguém de uma entidade do Estado responsável pelo diálogo com as religiões achava que a Fé Bahá'ís não devia ser integrada em certo projecto porque "não tinha a mesma nobreza das outras religões"...

 

O seu rosto hoje não desaparece da minha visão. Há uns meses telefonou-me a falar da sua doença. Falou com o mesmo semblante que colocava em tudo o que fazia. A voz era até alegre.  Estatisticamente, o desfecho da doença era mais que conhecido e provável.

 

Imagem dos constantes dramas da Humanidade, aqui em frente a este teclado, choro a morte de um Justo.

 

Exactamente por ser justo, sei que pôde seguir com a serenidade de ter deixado no mundo uma marca indelével. Acreditemos num destino, numa predestinação ou num plano, a verdade é que o Mário Motas Marques cumpriu um papel que a mais ninguém assentava e que mais ninguém conseguiu, como ele, desenvolver.

 

Se aos actores nos despedimos com uma salva de palmas, que ao Mário Mota Marques nos despeçamos com o abraço mais fraterno que entre nós possamos dar.

 

A mais sincera homenagem dos Professores, Investigadores e Alunos da área de Ciência das religiões da Un. Lusófona.

 

Paulo Mendes Pinto

(director)

publicado por Re-ligare às 11:04
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Segunda-feira, 12 de Outubro de 2009
Caminho da estupidez e caminho da Sabedoria

1.Existiram e existem muitas formas de pobreza – estrutural e conjuntural – acompanhadas de definições apuradíssimas. Em qualquer parte do mundo – em Portugal também – há peritos que sabem explicar a história das pobrezas, as suas causas e até a forma de chegar à sua erradicação, à chamada “PobrezaZero”, vencendo a fatalidade lamentada por Jesus Cristo: “pobres sempre tereis entre vós”! Não basta vencer a pobreza apenas no domínio dos conceitos, mas isso pode ajudar a encontrar novos caminhos contra o fatalismo.

A pobreza por opção pode ter várias motivações, laicas e religiosas. Na Igreja, a pobreza voluntária, individual ou de grupo, tenta interpretar e seguir algo que está classificado como um “conselho evangélico”. Nos anos oitenta do século passado, a opção preferencial pelos pobres – contra a pobreza imposta – era tida como uma das expressões mais evidentes do seguimento de Cristo. Produziu uma abundante literatura pastoral, teológica e espiritual, sobretudo no âmbito da Teologia da Libertação na América Latina. A figura fundadora desta corrente foi o peruano, Gustavo Gutierrez, hoje frade dominicano. Em língua portuguesa, destacou-se o brasileiro, Leonardo Boff, que nunca renegou a sua condição espiritual de franciscano.

Com a queda do Muro de Berlim, caíram as preocupações com os pobres. Os ricos ficaram mais à vontade. A economia capitalista tinha saído vitoriosa da Guerra Fria e sem alternativa. Até o partido comunista chinês lhe achou alguma graça. Quando se pensava que tínhamos entrado no reino global da abundância – o imenso mundo dos pobres não conta – surgiu a “grande crise”. O bezerro de ouro tinha patas de barro.


A globalização desregulada entrou em crise aberta nos próprios EUA com as subprime e os escândalos financeiros que atingiram as grandes empresas e bancos. O desemprego em flecha, a perda de casas – proprietários que ficaram sem poder pagar as dívidas aos bancos –, a falência de pequenas e médias empresas, os escândalos financeiros, as roubalheiras dos possuidores de grandes capitais e de negócios ilícitos milionários feitos nos “paraísos fiscais”, os vencimentos astronómicos e os prémios loucos recebidos por administradores e gestores, desacreditou o sistema que permite e incentiva este caminho do absurdo. Não é com 150 anos de cadeia para Bernard Leon Madoff – lançou muita gente na miséria – que se faz justiça aos pobres. Diz-se que para vencer esta crise globalizada é preciso mudar de paradigma. Se não é possível prescindir da “economia de mercado”, ela deve ser sujeita a regras éticas e político-jurídicas próprias de Estados de Direito e de democracias pluralistas, como escreveu Mário Soares no seu recente e magnífico “Elogio da Política”.

2. Regressou o uso da expressão “pobreza envergonhada” – nome de uma peça de teatro de Mendes Leal Júnior (1857) – para referir pessoas que, no passado, tiveram um estilo de vida elevado e que o perderam devido ao desemprego ou a outras causas. A Caritas Portuguesa anunciou que lhes irá atribuir vales de refeição com valor de cinco, dez ou quinze euros, não para substituir familiares, amigos ou vizinhos, mas para os estimular. Ainda bem!
 
O inconveniente de tal expressão foi-me sublinhado de forma cruel: “os que sempre foram pobres, como já estão habituados, não lhes faz grande diferença, são pobres sem vergonha”. Um rendimento mínimo garantido para os que “não têm unhas nem viola” é interpretado como um subsídio à malandrice, porque, para esses, a pobreza deve continuar como um destino.

3. A liturgia deste Domingo sugere-nos outro horizonte para vencer, pela sabedoria, formas de vida que globalizam a estupidez. Uma mudança radical de paradigma. Vamos aos textos. Na primeira leitura, tirada do livro da Sabedoria (7, 7-11), diz-se, de forma clara, que ceptros e tronos, pedras preciosas, ouro e prata, saúde e beleza são nada em comparação com a arte de saber hierarquizar aquilo que é fundamental, o que é secundário e aquilo que arruína a existência.

No Evangelho (Marcos 10, 17-30), vai-se mais longe. Conta que um homem, cumpridor dos mandamentos da Lei desde a juventude, queria entrar na vida que não acaba. Jesus sentiu simpatia por ele, mas lançou-lhe um repto: “vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. Resultado: “contristado com essas palavras, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitas propriedades”.

Jesus aproveitou para insistir com os discípulos: “é mais fácil um camelo (corda grossa de segurar os barcos) entrar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. Os discípulos ficaram intrigados: “quem poderá, então, salvar-se?” Segundo a teologia oficial, teologia do sucesso, a riqueza era uma bênção divina e a pobreza, uma maldição, fruto do pecado do próprio ou dos antepassados.

Jesus concede que só o milagre da conversão, graça divina, é capaz de transformar o desejo de ser rico e dominar na vontade de ser irmão, de ser solidário. A Igreja só é cristã se for o sacramento, o sinal e o instrumento da globalização da solidariedade, a grande sabedoria contra a grande estupidez.
            

Frei Bento Domingues, O.P.

 

publicado por Re-ligare às 01:20
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