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Sexta-feira, 21 de Janeiro de 2011
A ORAÇÂO NO ISSLAM

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)


Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)


JUMA MUBARAK

 

A tradução da palavra árabe “salah” para “oração”, pode induzir em erro, para quem não conhece o verdadeiro sentido do salah. A palavra oração pode indicar as diversas formas de contacto com Deus, uma simples prece por exemplo. O salah é mais do que uma oração, pois inclui as partes verbais e físicas. A Oração no Isslam, é um contacto pessoal entre o crente e Deus. Outras formas de traduzir Salah é: “oração obrigatória” ou “oração islâmica”. Cada país não árabe, denomina o salah na sua linguagem e o mais utilizado em comum por muitos povos é o de “namaz”. Quando o crente está no salah, é como estar no mundo, mas fora dele. O termo “oração” aqui utilizado, referese ao salah.


A primeira preocupação do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), foi de divulgar e insistir para que as pessoas consolidassem a fé (iman). Foi um trabalho difícil e árduo, ao longo de alguns anos. Nem sempre encontrou simpatizantes e foi maltratado por aqueles que ainda insistiam em permanecer idólatras. No entanto, insistia para que as pessoas entendessem e interiorizassem o significado do primeiro pilar, a Chaada (testemunho da fé) – LA ILAHA ILALHA – Não há outra divindade, senão Deus. Quando já se encontrava sustentada esta prioridade - fé em Deus Único - , os muçulmanos receberam do Criador, uma prenda constituída pelas 5 orações diárias. Refere o Cur’ane: “Sou Deus. Não há divindade além de Mim! Adora-Me pois e observa a oração, para celebrar o Meu nome.” – 20:14. De todas as acções, a primeira a respeito da qual será questionada no Dia do Julgamento Final, será a oração. Se for bem sucedida, terá o sucesso e felicidade, de contrário terá o insucesso e desgraça. A pessoa que efectuar as orações, incrementará a sua fé e observará os restantes mandamentos da religião, com mais acuidade, conforme é referido no Cur’ane: “A oração impede os actos de pouca vergonha e injustiça”. 24:45.

Foi durante a noite de Mi’raj, quando o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), foi transportado para o céu e recebeu de Deus, a obrigatoriedade de 50 orações diárias. Com o conselho do Profeta Mussa – Moisés – Que a Paz de Deus esteja com ele, o Profeta pediu a Deus a redução do número das orações, que foram reduzidos para os actuais 5 diários, sendo a recompensa de cada uma delas, equivalente a 10 orações. Nessa ocasião, o Profeta levou 3 ofertas para Deus: 1 - ATAHIATO LILAHI; 2 – WA SALAWATO; 3 - WA TAHIBATO -Toda a adoração efectuada verbalmente, fisicamente e com bens mundanos, é somente para agradar a Deus. E Deus deu as seguintes 3 prendas ao Mensageiro: 1 - ASSALAMO ALEIKA AIHUHANABI; 2 - WA RAHMATULAHI; 3 – WA BARAKATUHU – Que a Paz, a Misericórdia e as bênçãos estejam acima de ti. Pensando no seu Umah (seguidores), disse o Profeta: ASSALAMO ALEINA WAALÁ IBADILAHI SUALIHINA – Que a Paz não só acima de nós, mas também acima de todos os piedosos e que fazem as orações. E o Anjo Jibrail (Gabriel) - que a Paz de Deus esteja com ele, completou: ASH HADU AN LA ILAHA ILALAHU, WA ASH HADU ANÁ MUHAMMAD ABDUHU WA RASSALUHU – Testemunho a unicidade de Deus e que Muhammad é o Seu servo e apóstolo. Esta é uma das preces que os muçulmanos rezam em cada uma das 5 orações diárias.


A oração é obrigatória para todos os muçulmanos (homens e mulheres), após terem atingido a puberdade e que sejam portadores de plenas faculdades mentais. As crianças devem ser ensinadas a partir dos 7 anos, para que ao atingirem os 10 anos estejam aptos a efectuar as orações (Abu Dawood). A oração é o pilar da religião. São as seguintes condições para que a oração seja válida: - Porque a pureza equivale a metade da fé, o crente deve estar limpo, purificado através do banho e da ablução. O versículo 5:6 indica-nos como devemos fazer a ablução. A roupa deve estar lavada, não apresentando vestígios de impurezas. O local onde nos prostramos a Deus, deve estar limpo e seco. Referiu o Profeta: “A oração sem a pureza não é aceite, nem a caridade dada da riqueza adquirida ilicitamente”. – Musslim. O crente deve estar livre de intoxicações (álcool e drogas), proibidas pelo Islão, para não se enganar nas recitações do Cur’ane. “Ó vós que credes! Não vos deis à oração quando estiverdes embriagados, enquanto não souberdes o que estais a dizer…” 4:43.


- As orações devem ser efectuadas no seu tempo exacto. “….. a oração é uma obrigação prescrita aos crentes, para ser cumprida em tempos fixos”.4:103.


- Os crentes devem estar direccionados para Maka. Os muçulmanos de todo o mundo orientam-se para Maka, para efectuarem as suas orações, Antes de ser revelado o versículo 2:144, que refere a obrigatoriedade da orientação em direcção a Maka, os muçulmanos faziam as suas orações virados para Jerusalém.

 

- O homem deve cobrir o corpo, no mínimo desde o umbigo até ao joelho. A mulher deve tapar o corpo, com excepção das mãos, dos pés e do rosto. Os crentes não devem usar roupas transparentes ou apertadas que mostrem o contorno dos corpos.


Foi referido que as 5 orações eliminam os pecados cometidos desde a oração antecedente. O número das orações diárias e obrigatórias, são cinco, conforme diversos hadices, nomeadamente: Jábir (Radiyalahu an-hu), referiu que Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “À semelhança das 5 orações diárias, é como uma ribeira profunda, cuja água para ao pé daquele que nela tome banho cinco vezes por dia.”


Insha Allah (Se Deus quiser), continuarei com este tema no próximo Juma.


Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá
21/01/2011

publicado por Re-ligare às 12:02
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O DIREITO DAS CRIANÇAS - A RESPONSABILIDADE DOS PAIS - II

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)


Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)


JUMA MUBARAK

 

Segunda Parte


É responsabilidade dos pais, dar a educação aos filhos. A educação abrange muitos aspectos, entre eles, o comportamento, as boas maneiras, o respeito, a moral e a aprendizagem religiosa e escolar. A educação não pode cingir-se só a parte religiosa, ou só a parte escolar. Deve abranger as duas componentes, importantes para que eles possam piedosas, compreender o mundo, encarar o futuro com optimismo e evitarem a mendicidade. Cada vez mais, nos tempos em que vivemos, as crianças muçulmanas devem ser preparadas para enfrentarem o futuro com mais entusiasmo. Necessitamos de mais médicos, engenheiros, professores, enfermeiros e de técnicos a todos os níveis, para ajudarem a combater a ignorância e a erradicar a pobreza. No Islão, o conhecimento religioso e cientifico são inseparáveis. A primeira revelação do Cur’ane, começa por: “Recita em nome do teu Senhor que criou..” 96. Noutro versículo: “Ó meu Senhor! aumentai-me o ilm (conhecimento). 20:114. E outro: “Podem ser iguais os que sabem e os que não sabem?”. 39:9. Existem muitas exortações do nosso Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), para se estudar e obter conhecimentos: “A procura do ilm (conhecimento) é uma obrigação para todos os muçulmanos, seja homem ou mulher.” – Ibn Mája. “A tinta de um teólogo é mais sagrada do que o sangue de um mártir.” – Tirmizi. Alguns pais acabam por se preocupar só com a educação escolar e as crianças crescem sem obterem qualquer conhecimento religioso. Nas décadas anteriores, nomeadamente no Brasil e na Europa, isolados das suas comunidades, alguns imigrantes muçulmanos deixaram de praticar a religião. As consequências no lar foram desastrosas. Os filhos, com nomes muçulmanos, não sabem nada da religião dos pais.


Refere o Cur’ane: “Ó vós que credes! Afastai-vos vós mesmos e as vossas famílias do fogo, cujo combustível são os homens e as pedras.” 66:6. Quando foi revelado este versículo o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), questionado pelos seus companheiros (Radiyalahu an-huma), de como poderão salvar as suas famílias do fogo do inferno, respondeu: “ordenando-lhes a prática daquilo que é do agrado de Deus”. Os pais devem preocupar-se em transmitir às crianças todos os ensinamentos religiosos, de modo que eles possam distinguir o lícito do ilícito e o bem do mal. Mas para isso, é importante que os pais conheçam ou relembrem, nomeadamente a vida e a obra do Profeta, o exemplo dos seus companheiros e como praticar a religião. Porque não vivemos isolados, neste mundo, é importante dotar a criança de conhecimentos mais amplos, de modo que possa estar apta para dialogar com outras culturas e religiões, como forma de esclarecimento dos fundamentos da religião (dawá).

 

Abdullah Ibn Umar (Radyialahu an-hu) disse que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu: “Todos vós são responsáveis e sereis questionados pelas vossas responsabilidades. O líder religioso (pela sua comunidade), o homem pela sua família, a mulher pela casa, o servidor pelos bens do seu dono, todos vós sereis questionados a respeito das vossas responsabilidades.” Bukhari, livro 62, nº. 116. Os pais são responsáveis pelo sustento dos seus filhos. Todos eles, rapazes e raparigas, devem ser tratados duma forma justa e igual, sem qualquer preferência de uns em relação a outros. Dar preferência a filho em detrimento dos outros, é um uma injustiça e proibido pelo Islão, de acordo com a seguinte passagem: An-Nu’man Bin Bashir (Radiyalahu an-hu) referiu. “Minha mãe pediu ao meu pai para me dar um presente, da sua propriedade. E ele deu-me, depois de alguma hesitação. A minha mãe disse que não ficaria descansada enquanto o facto não fosse testemunhado pelo Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). Ainda jovem, meu pai pegou-me pela mão e fomos ter com o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) e o meu pai disse-lhe: “A mãe dele, Bint Rawaha, pediu-me para lhe dar um presente”. O Profeta disse: “Tens outros filhos, além deste?”. “Sim respondeu o meu pai”. E o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) replicou: “Não me faça testemunha duma injustiça.” – Bukari – Livro 48, numero 818. Os órfãos também têm os seus direitos. Os familiares mais chegados devem criar condições para que eles sejam alimentados e educados. O pai do Profeta (Salalahu
Aleihi Wassalam), faleceu antes dele nascer. Ficou órfão da mãe, ainda muito pequeno. O seu avô Abdul Mutalib tomou conta dele. Mas infelizmente, por pouco tempo, pois o avô faleceu. Ficou então sob a responsabilidade do tio Abu Talib. Referiu o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam: “Eu e o guardião do órfão, estaremos juntos no paraíso.” – Ahmad e Tirmizi. Também disse: “A melhor casa é aquela em que o órfão é tratado com bondade.” – Ibn Mája.


Um bom dia de Juma na companhia da família.
Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá
13/01/2011

publicado por Re-ligare às 11:57
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O DIREITO DAS CRIANÇAS - A RESPONSABILIDADE DOS PAIS - I

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)


Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)


JUMA MUBARAK

 

O nascimento duma criança, seja ela uma menina ou um rapaz, é sempre motivo de alegria para os pais, avós e restantes familiares. Um ou outro pai, quando recebe a notícia de que nasceu uma menina, como primeiro descendente, fica triste, pois preferia um rapaz. São ainda ideias que persistem em muitos países, mesmo nos considerados mais desenvolvidos. No entanto, com o evoluir da tempo, o pai acaba por se afeiçoar à criança, ao ponto de ser a filha querida.


Todos os recém-nascidos são bem vindos e gozam dos mesmos direitos, perante os parentes e a sociedade. A religião Islâmica, contém ensinamentos que abrangem todas as etapas da vida, que se iniciam desde o nascimento. Vamos recordar alguns aspectos referidos no Cur’ane e nos ensinamentos do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam – Que Deus derrame as bênçãos sobre ele), relacionados com os direitos das crianças e a responsabilidade dos pais.


O Profeta Zakariya (Aleihi Salam - Que a Paz de Deus esteja com ele), ansiava ter um filho, apesar de ser velho e a mulher ser estéril. Receava pela degradação da conduta religiosa dos seus parentes que lhe haviam de suceder, levantou as mãos e pediu a Deus um sucessor para continuar com a obra dos Profetas anteriores. Deus ouviu as suas preces conforme refere o Cur’ane: “Foi-lhe dito: Ó Zakariya! Nós trazemos-te
boas novas de um filho, cujo nome é Yahya (João Baptista); nunca demos este nome a ninguém antes dele”. 19:7. É sempre uma alegria, recebermos a notícia do nascimento de um filho e por isso, os familiares e amigos devem felicitar os pais “babados”, compartilhando a alegria, pela vinda de mais um membro da família.


A criança recém-nascida, após o corte umbilical, deve ser lavada e o cordão umbilical enterrado. É a confirmação da preocupação do Islão, no que se refere à higiene.


O Azan e o Iqámah (chamamento para a oração), em voz baixa, devem ser efectuados nos ouvidos direito e esquerdo, respectivamente. Esta é uma tradição do nosso Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) que assim fez, depois do nascimento do seu neto Hassan Ibn Ali (Que Deus esteja satisfeito com ele) - Tirmizi. Qualquer muçulmano o poderá fazer, mas de preferência, deve ser dada a prioridade a uma pessoa piedosa/religiosa. A criança recebe/ouve as primeiras palavras, que enaltecem a grandeza do seu Criador e que chamam as pessoas para a oração e para a felicidade. Após o azan, deve-se fazer uma prece, para que Deus, nosso Criador, proteja a criança e que a encaminhe sempre para o bom caminho e que seja temente a Deus.


É tradição também fazer o Tahnik – esmagar com os dentes um pedaço de tâmara ou fruta doce e colocar na boca da criança. Os companheiros do Profeta, que tinham uma grande admiração e amor por ele, sempre que nascia uma criança, levavam-na para junto dele. O Profeta fazia o Tahnik e depois fazia uma prece para ela. – Bukhari e Muslim. Nota: Outra alternativa é esmagar o pedaço da tâmara ou da fruta, utilizando,
por exemplo duas colheres, ou qualquer outro utensílio.

 

Cabe aos pais a responsabilidade de dar um bom nome à criança e de lhe ensinar as boas maneiras. Abu Darda (Radiyalahu an-hu – Que Deus fique satisfeito com ele), referiu que Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “No dia do julgamento final, sereis chamados por vossos nomes e dos vossos pais. Por isso escolhei bons nomes para vós.” – Abu Daud. Segundo Abdullah Ibn Umar (Radiyalahu an-hu), o Profeta
(Salalahu Aleihi Wassalam) referiu: “Perante Deus, o melhor nome é Abdullah (Servo de Deus) e Abdul Rahman (Servo do Beneficente).” – Muslim. Também referiu o Profeta: “Denominem-se com os nomes dos Profetas.” Também disse: “Denominemse com o meu nome.” O nome pode ser outro qualquer, desde que tenha um bom significado. O Profeta alterava o nome das crianças, sempre que o nome tivesse um mau significado – Tirmizi e Muslim O Aquiqah em termos religiosos, refere-se ao animal que é sacrificado no sétimo dia após o nascimento da criança. Existem várias narrativas que se referem ao aquiqah, pelo que deve ser efectuado pelos pais da criança. É um acto de gratidão demonstrado pelos pais, pela bênção concedida por Deus. Disse o Profeta: “A criança fica penhorada em relação ao aquiqah, por isso sacrificai, da parte dele, no sétimo dia
(carneiro/s), rapem o cabelo e lhe dê um bom nome.” – Relato de Ummi Kurz (Radiyalahu an–há) – Tirmizi e Nassai. As condições dos animais para o aquiqah, são idênticas aos do Curbani (sacrifício do dia de Idul Adha). A carne do Aquiqah pode ser distribuída, preparada ou não, pelos familiares e amigos. Mas o melhor é dividir a carne em três partes – uma para os necessitados, outra para os amigos e vizinhos e outra para consumo próprio. O aquiqah pode ser adiado, se não for possível fazer no sétimo dia, mas não convém atrasar muito. Se os pais não tiverem possibilidades financeiras, não devem recorrer a empréstimos, ficando esta responsabilidade suprida. Ao sétimo dia, deve-se rapar o cabelo da criança. Para quem tenha possibilidades financeiras, é sunat (tradição) oferecer aos pobres, ouro, prata ou dinheiro, equivalente ao peso do cabelo. Este acto, acima de tudo, permite uma ajuda aos necessitados, pela felicidade da chegada de mais um membro da família. Todas as ocasiões são propícias para a partilha.


Outra obrigação dos pais, é de providenciarem a circuncisão do rapaz (Al-Khitán). Segundo Tirmizi, o Profeta considerou a circuncisão, o sunah (tradição) de todos os Profetas. O primeiro a cumprir com esta tradição foi o Profeta Ibrahim (Aleihi Salam) – Abraão (Que a Paz de Deus esteja com ele). A circuncisão deve ser efectuada o mais cedo possível, pois o Profeta assim fez aos seus netos, no sétimo dia, após os nascimentos. Está provado cientificamente, de que a circuncisão protege os homens contra diversas doenças. (ver o meu Juma Mubarak de 3/6/2010). A responsabilidade dos pais, não termina por aqui. Insha Allah (Se Deus quiser), na próxima semana completarei o tema.


Façam o favor de ter um bom dia de Juma
Cumprimentos
Abdul Rehman
06/01/2011

publicado por Re-ligare às 11:47
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Tema da Semana: Mariam (Maria)

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)


Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)


JUMA MUBARAK

 

Hannah (Ana), irmã da mulher do Profeta Zakariyah (Zakarias), e da descendência dos Profetas Moisés e Aarão, que a Paz de Deus esteja com eles, ansiava por um filho. Mas os anos foram passando, mas ela nunca perdia a esperança. Pedia sempre a Deus para que lhe desse um descendente, prometendo que o colocaria ao serviço de Deus. Assim foi, Deus concedeu-lhe uma gravidez, e agradeceu por esta misericórdia. Durante a gravidez, seu marido faleceu. Chorou amargamente porque o pai não ia ver a criança que muito desejavam. Entretanto Hannah deu a luz uma menina e nas suas orações disse a Deus: “Ó meu Senhor, eu dei a luz uma menina e dei-lhe o nome de Mariam (Maria ) e ponho-a, bem como a sua descendência, sob Tua protecção, contra o Satanás, o amaldiçoado.” – Cur’ane 3:36. Esperavam todos um rapaz, pois a uma criança fêmea não podia ser dedicada ao serviço do templo. Mas Hanna não ficou desapontada, e Zakariyah a consolou, pois Deus sabe o que faz. Depois de realizar um sorteio com os anciães do templo, para saber qual deles iria tomar conta da recém-nascida (3:44), calhau a responsabilidade a Zakariyah. Todos tiveram a percepção de que Deus a escolheu para um destino especial.


Para que ninguém tivesse acesso a ela, com excepção do seu tutor, foi construída uma sala separada para albergar a Mariam. Zakariyah a visitava frequentemente e a encontrava abastecida de frutas frescas. Em resposta à admiração dele, ela respondeu de que os alimentos provinham de Deus e Ele providencia o alimento a quem deseja (3:37). Zakariyah compreendeu que Deus a tinha elevado, de uma forma honrosa, acima de outras mulheres e dos restantes filhos de Israel. Assim, Mariam tornou-se uma devota de Deus, glorificando-O de dia e de noite. Segundo a narrativa de Abu Musa Al-Ashari (Radiyalahu an-hu), Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), disse: “Muitos homens tinham atingido a perfeição, mas de todas as mulheres, nenhuma excepto Mariam, a filha de Imran e a Asiya, a esposa do Faroó.” Livro 57 – Hadice 113. – Nota: No contexto, refere-se aos Profetas/homens e Asiya por ter recolhido o Profeta Mussa (Moisés), ainda bebé.


Certa vez, quando Maria estava orando sozinha no seu compartimento apareceu Jibrail (Aleihi Salam) – Gabriel (Que a Paz de Deus esteja com ele), sob a forma de um homem perfeito. Ela ficou assustada, com medo, pensado que ele ia cometer algo de mal. E rezou: “Eu procuro refúgio contra ti no Beneficente, se és temente a Deus.” – isto como forma de lhe lembrar de Deus, pois sabia se fosse uma pessoa piedosa iria abster-se de praticar algo errado . Assim, o anjo Gabriel, retomou a forma de anjo e disse-lhe: “Eu sou apenas um enviado do teu Senhor, para dar-te um filho, sem mácula”. Surpreendida, Maria respondeu: “Como poderei ter um filho, se nenhum mortal me tocou e nunca deixei de ser casta?”. Ele disse: “Assim será. O teu Senhor disse: “É fácil para Mim”. E assim faremos dele uma revelação para a humanidade…” – Cur’ane, Sura Mariam.

 

A visita do anjo causou nela muita ansiedade e com o passar dos meses, ela interrogava-se de como poderia dar a luz uma criança, sem ter um marido?. Ela era de uma família nobre, seu pai foi uma pessoa respeitada. As pessoas irão denegrir a sua reputação. A notícia espalhou-se entre os filhos de Israel, acusando-a de ter cometido adultério, porventura com Yussuf (José), já que estava prometida a ele. Mais tarde, ela sentiu a criança a mexer. Deixou o templo e retirou-se para Bayat Al-Lahm – Belém. Quando sentiu as dores de parto, encostou-se a uma palmeira e deu à luz um menino. Sentindo-se preocupada, exclamou: “Pudesse eu morrer antes disto e desaparecer.” De repente ela ouviu uma voz, dizendo: “Não te atormentes! O teu Senhor colocou um ribeiro a teus pés; sacode o tronco da palmeira e sobre ti farás cair tâmaras maduras. Portanto come, bebe e consola-te. E se encontrares com algum mortal, diz-lhes: “Eu fiz um voto de silêncio ao Beneficente…..”. Consolada, regressou à cidade com a criança recém-nascida, Issa–Jesus (que a Paz de Deus esteja com ele). Sentiu novamente o receio das críticas do povo, mas não podia defender-se porque prometeu ao Misericordioso que não ia falar com nenhum ser humano. Despertou a curiosidade em todos, por ela estar de volta com uma criança e repreenderam-na: “Ó Mariam, eis que fizeste algo de extraordinário. Ó irmã de Aarão, o teu pai jamais foi um homem do mal, nem tua mãe uma adúltera.” Ela colocou os dedos nos lábios dela e apontou para o filho. Admirados perguntaram: “Como é que podemos falar com um recém-nascido?”. Para espanto de todos, a criança começou a falar claramente: “Sou o servo de Deus, que me concedeu o Livro e me designou Profeta. Fez-me abençoado onde quer que eu esteja e encomendou-me a oração e a esmola, enquanto eu viver….” Factos revelados no Cur’ane Sura Mariam.


Ainda acerca deste incidente, Yussuf (José) ficou muito surpreendido e perguntou a Mariam se uma árvore poderia nascer sem uma semente. Sim, respondeu ela, a primeira árvore que Deus criou pela primeira vez. Perguntou outra vez se é possível uma mulher ter um filho sem um parceiro masculino. Sim, disse ela, Deus criou Adão sem qualquer interferência da mulher e do homem.
Este nascimento milagroso foi um sinal para a humanidade, do poder do Criador. Deus primeiro criou Adão, pai de toda a humanidade, sem mãe e sem pai. Ele criou Hawwa (Eva) através de um ser masculino, sem a interferência de um ser feminino. Criou Jesus duma mulher, sem interferência de um homem. Criou cada um de nós, através de um pai e duma mãe. Assim, completou 4 tipos de criação, o que prova o Seu Poder e a Sua autoridade.


Refere o Cu’ane: “Diz: “Cremos em Deus e no que nos foi revelado e no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacob e às (doze) tribos e no que foi dado a Moisés, a Jesus e aos Profetas pelo seu Senhor. Não fazemos distinção nenhuma entre eles e submetemo-nos à vontade d’Ele”. 3.84.


Fonte: Cur’ane e Ibn Khatir.


Um bom dia de Juma,
Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá

publicado por Re-ligare às 11:43
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Terça-feira, 18 de Janeiro de 2011
O Nome divino, a «hipótese documentária» e a datação de alguns textos do Pentateuco

A consideração do uso do Nome divino nos livros que constituem o Pentateuco (Génesis-Deuteronómio) está na origem da chamada «hipótese documentária», que atribui a formação do Pentateuco à colação de tipo redactorial de quatro documentos: um documento Javista (J), um outro, Eloísta (E), um terceiro, Sacerdotal (P de Priest, em alemão) e, finalmente, o documento Deuteronomista (D)[1]. Efectivamente, os dois primeiros documentos aludem ao uso do Nome divino pelo autor sagrado: Javista, porque utiliza sobretudo o tetragrama Yhwh (na origem do nome Javé); Eloísta, por utilizar o nome Elohim (Deus). No entanto, recentemente, essa atribuição coloca cada vez mais problemas, tendo mesmo sido abandonada na última edição do Pentateuco da Traduction Œcuménique de la Bible (TOB).

 

O Nome divino e a «hipótese documentária»

O primeiro a postular a existência de «fontes» distintas no Pentateuco foi o teólogo e pastor alemão Henning B. Witter (1653-1715): ao estudar os dois textos da criação, observou que o autor do primeiro texto (Gn 1,1-2,4a) utiliza o nome Elohim («Deus») e o do segundo (Gn 2,4b-3,22), Yahweh-Elohim (trad. port.: «Senhor Deus»). Porém, foi Jean Astruc (1684-1766), médico de Luís XV, quem primeiro elaborou uma «hipótese documentária», no seu livro Conjectures sur les mémoires originaux dont il paraoit que Moyse s’est servi pour composer le livre de la Genèse (1753), fundada no uso do nome divino: a «Memória A» que usava o nome Elohim e a «Memória B», o nome Yahweh. Johann G. Eichhorn (1752-1827), professor na Universidade de Göttingen, aderiu à hipótese de Astruc e, no seu livro Einleitung in das Alte Testament (Introdução ao Antigo Testamento; 1780-1783), deu um nome a essas fontes: a «Memória A» foi chamada de Eloísta e a «Memória B», Javista.

Em 1798, Karl D. Ilgen (1763-1834) observou que os textos «eloístas» não eram de todo homogéneos, e que haveria de considerar dois documentos distintos: um Eloísta antigo (= E1) e um Eloísta recente (= E2). Porém, o abandono da «hipótese documentária», durante meio século, não permitiu aprofundar essa ideia de Ilgen. Esse estudo seria levado a cabo por Hermann Hupfeld (1786-1866) que, em 1853, demonstrou que o simples uso do nome divino Elohim não bastava para caracterizar os textos eloístas, pois entre E1 e E2 existiam importantes diferenças de vocabulário, estilo e conteúdo. A «nova hipótese documentária», que agora se desenhava, passava a ser composta de quatro documentos: o Eloísta antigo (posteriormente chamado «Sacerdotal» e situado no pós-exílio); o Eloísta recente, em estado fragmentário (porque, dada a proximidade temática com o documento javista, foi preterido em relação a este último); o Javista, um documento paralelo ao Eloísta recente; e o Deuteronomista, «descoberto» em 1805 por De Wette[2].

A partir dos anos 1970, a «hipótese documentaria» foi de novo posta em causa, e precisamente em relação aos «documentos» relacionados com o Nome divino: o Eloísta e o Javista. A existência de um documento eloísta (fragmentário) deixa, simplesmente, de fazer sentido (C. Westermann). Efectivamente, o uso dos nomes divinos Elohim e Yahweh não seria assim tão decisivo para caracterizar os textos bíblicos como pertencendo a um documento ou outro (E. Blum). E, finalmente, os textos ditos «javistas» são tão díspares que, a manter esta caracterização, haveria que conceber também vários documentos javistas (K. Schmid). Deste modo, a distinção que permanece – para além do documento deuteronomista – seria a de «textos sacerdotais» (P) e «textos não sacerdotais» (n-P; D. M. Carr). Mas, se o uso do Nome divino deixa de fazer sentido para caracterizar a existência de «fontes» no Pentateuco, terá alguma outra função na Tora?

 

O Nome divino como indício de datação dos textos

Nos últimos anos, o exegeta belga Albert de Pury tem sugerido que o primeiro documento do Pentateuco terá sido, provavelmente, o chamado «documento sacerdotal» (= Pg, de «Priest Grundschrift»), acrescido posteriormente com textos «não sacerdotais» antigos (= pré-P), novos textos sacerdotais (= Ps) e de outras correntes do Judaísmo (= pós-P)[3].

Nesse documento sacerdotal primitivo, que J. Wellhausen designava por Quartor (isto é, o «livro das Quatro Alianças»), curiosamente, o(s) autor(es) apresenta(m) uma revelação progressiva de Deus à humanidade: nos textos relativos às origens do mundo, o nome divino utilizado é Elohim (ou seja, «Deus»); posteriormente, nas narrativas patriarcais, Deus apresenta-se como El Shadday (o «Deus Poderoso»; cf. Gn 17,1); enfim, Deus dá-se a conhecer a Moisés e aos filhos de Israel como Yahweh (cf. Ex 6,3), o Deus de Israel e de Judá. Contudo, não se pense que esta perspectiva seja politeísta: não, para o(s) autor(es) sacerdotal(ais) trata-se de uma única divindade – o Deus «criador do céu e da terra» – e estas diversas etapas fazem parte de uma única história, que culmina na revelação de Deus a uma nação particular (os Israelitas).

Assim, com o escrito sacerdotal, encontramo-nos no limiar do uso do Nome divino nos textos que compõem o Pentateuco. Os textos não sacerdotais antigos (pré-P) utilizavam apenas o nome Yahweh, o deus nacional de Israel e de Judá. Porém, isso não quer dizer que provenham todos de uma única fonte ou tenham sido escritos por um mesmo autor (o «Javista» de J. van Seters, de M. Rose ou de C. Levin). Pelo contrário, estes textos provêm de origens diferentes (A. Alt) e constituem o que poderíamos chamar de «tradições» independentes, pré-sacerdotais (na linha de R. Rendtorff e E. Blum).

Depois, durante a época persa, num ambiente cada vez mais universalista (e no confronto com Ahoura-Mazda, a divindade persa), tornou-se problemático defender posturas particularistas ou nacionalistas. Neste ambiente, o uso do nome divino Yahweh, apresentado como um Deus único, transcendente e universal, é cada vez mais qualificado: Yahweh-Elohim, isto é, «Javé, (o) Deus… de Israel/de toda a terra», como encontramos nos livros de Esdras-Nehemias, mas também em Génesis 2-3 (um texto que os exegetas começam a ver como midrash de Gn 1).

E, no final da época persa e início da época helenista, o nome divino Yahweh deixa completamente de ser utilizado, passando a usar-se o nome ha-Elohim («o Deus»), como encontramos em Qohelet ou Jonas, mas também em Gn 20-22; 39-43; e Ex 1,8-22, ou Elyon («o Altíssimo»), como em Ben Sira ou Gn 14.



[1] Na hipótese clássica (de J. Wellhausen), a primeira acção redactorial ter-se-ia dado por altura do reinado de Manassés, unindo os dois primeiros documentos: o Javista (que começou a ser elaborado no séc. IX) e o Eloísta (séc. VIII). Esta redacção era chamada Jeovista (= Rje). No reinado de Josias foi elaborado o Deuteronómio (o livro «descoberto» no Templo de Jerusalém) e, durante o exílio, uma redacção de tipo deuteronomista (= Rd) associa D e JE (acrescentos deuteronomistas em JE e jeovistas em D). Finalmente, no início da época persa é escrito o documento sacerdotal, na origem da última actividade redactorial (= Rp) – entre 450 e 400 a.C. –, que combina P com JED para formar o Pentateuco actual.

[2] A ordem cronológica dos quatro documentos (E1E2JD) foi, entretanto, alterada, devido aos estudos de Karl H. Graf (1815-1869), Abraham Kuenen (1828-1891) e Theodor Nöldeke (1836-1930) acerca do escrito sacerdotal, situando-o no período pós-exílico, e considerando também E2 como posterior a J, que passou a ser o documento mais antigo. É essa ordem (JEDP) que aparece na síntese de J. Wellhausen.

[3] A. de Pury, «Pg as Absolute Beginning», in T. Römer-K. Schmid (eds.), Les Dernières Rédactions du Pentateuque, de L’Hexateuque et de L’Ennéateuque, Lovaina, Peeters, 2007, pp. 99-128.

          

Porfírio Pinto

Investigador da linha em Ciência das Religiões

 

 

publicado por Re-ligare às 16:07
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