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Terça-feira, 26 de Agosto de 2008
Os Jogos Olímpicos e a Igreja

 

Para o povo chinês os Jogos Olímpicos foram palco do exercício da perfeição. Crendo que o número 8 representa a sorte e o 88 a perfeição, após 8 anos de preparação, inauguraram no dia 8 do mês 8 do ano 2008, às 8horas e 8 minutos. Por outro lado, quem possa pensar entregaram a sorte dos jogos à crença engana-se. Quem viu as cerimónias de abertura e encerramento constatou uma dedicação e empenho sem impar. Foram dois espectáculos deslumbrantes.
 
Todavia, para os portugueses estes jogos estiveram perto de ser uma verdadeira desilusão. Não tanto pelos resultados – a melhor prestação de sempre – mas uma desilusão devido à ilusão das hipotéticas 4 medalhas que poderíamos ganhar mas não ganhámos. Juntou-se ainda à cultura da ilusão as polémicas declarações de alguns atletas que, revelaram falta de preparação em esconder a sua imaturidade numa competição desta envergadura.
 
Na qualidade de aprendiz aos ensinos de Jesus e adepto do desporto em geral, ao acompanhar os jogos questionei-me se a igreja poderia aprender algumas lições com os Jogos Olímpicos? Será que na igreja não sofremos algumas desilusões porque também nos iludimos com excessiva expectativa? Será que nos os atletas de alta competição podemos encontrar alguns princípios bíblicos como alicerces do seu desempenho desportivo? Ao pensar nos Jogos olímpicos revejo a Igreja. A Igreja ideal e a igreja real. Permitam-me partilhar três comparações:
 
1.                  A primeira refere-se à perfeição do Modelo! Para os organizadores e para os atletas, teoricamente, aquela é a prova rainha. O modelo da maior e a mais perfeita competição onde todos querem ser o melhor. Na qualidade de atleta da fé (I Co 9.24), ao olhar para os ensinos bíblicos sobre a igreja (Tg 1.27), ao estudar os princípios que norteavam a igreja primitiva (Gl 3.28), ao olhar para o desenrolar dos acontecimentos (At 2.45), ao estudar a história da igreja e alguns dos seus reavivamentos, olho para a igreja como os jogos Olímpicos da fé, a prova perfeita onde eu estou a competir enquanto crente. Não há aqui nada de novo debaixo do sol S. Paulo também fez este exercício. (I Co 9,25)
 
2.                  A segunda incide sobre o comportamento. Ouvindo o testemunho de alguns atletas sobre os eventuais segredos para vencerem as respectivas provas identifiquei alguns princípios presentes na Bíblia: Humildade, obediência, preparação e confiança. Por sua vez, a igreja faz-me lembrar outros participantes. Em vez de reflectirmos sobre o que corre mal de modo a podermos mudar ou fazer melhor, desculpamo-nos com a dificuldade dos tempos, culpamos o árbitro que é o diabo, culpamos a inércia dos crentes, culpamos a qualidade da liderança e, quando não à mais ninguém para poder culpar, nos auto-justificamos com os resultados: baptizámos 6, transferiram-se dois, casaram-se 4 que obrigatoriamente terão de se multiplicar. Com efeito a igreja está bem e recomenda-se!
 
3.                  A terceira recai sobre a cultura. Para além do lugar da glória, os Jogos Olímpicos são também o lugar do sofrimento, da desilusão, das grandes frustrações e até de algumas vergonhas. Será que a igreja real não é assim? Paralelamente, vivo momentos de grande angústia e frustração porque, na expectativa da igreja ideal que teologicamente cogito e creio, vivo simultaneamente a igreja real onde sofro. Para além desta ser o lugar da revelação de Deus (Fp 3,21), ela é também um lugar de sonhos humanos e de competição onde alguns querem ser os maiores (Mt 20.21). É também o lugar onde muitos se satisfazem com fortuita participação na liturgia. È o lugar onde alguns investem tempo na exibição dos títulos mas escasseia o esforço e responsabilidade de liderar (Lc 14,9). É o lugar onde muitos dão mais relevância aos títulos do que ao serviço (Tg 2,4). Quem não ficou feliz pela conquista do Nelson Évora? Todavia, creio que devemos também ficar felizes por todos aqueles que não ganhando títulos, esforçaram-se tanto ou mais que o Nelson sem contudo chegarem ao pódio. Consta que o Sr. Presidente da República e o Sr. 1º Ministro terão telefonado para o nosso campeão felicitando-o! Será que eles fizeram o mesmo com a Ana Cabecinha? Duvido que saibam quem é a atleta ou em que modalidade concorreu. Infelizmente a igreja não é muito diferente. Os aplausos são dirigidos exclusivamente aos representantes de títulos ou cargos eclesiásticos enquanto os restantes, ainda que trabalhem e se esforçam tanto ou ainda mais não recebem qualquer palavra de apreço. Nas cartas do apóstolo Paulo podemos aprender a elogiar quem trabalha independentemente dos títulos. Homens que não eram apóstolos, mulheres que não eram pastoras, jovens que não eram mestres e anciões que não eram evangelistas todos sem excepção são elogiados pelo seu trabalho em favor do evangelho. (Cl 4,9; Rm 16,15)
 
À igreja em geral, e aos leitores deste espaço em particular, desejo endereçar 3 pensamentos:
 
1. Compromisso e Disciplina
Ninguém ganha os jogos Olímpicos sem ter o sonho em ganhá-los. Pode ser um sonho de infância como a Manuela Ribeiro, ou um sonho tardio como o Nelson Évora – nem queria acreditar pois à 4 anos estava em 40º lugar. Mas ninguém ganha os jogos se não for disciplinado e rigoroso no cumprimento das instruções dos seus treinadores.
Também na igreja muitos sonham e até pedem a Deus para ajudá-los a concretizar seus sonhos. Porém, não é Deus que têm de cumprir os nossos sonhos para a igreja, somos sós que devemos obedecer aos sonhos dele. Talvez Eude durante os 18 anos tenha sonhado com uma nação livre mas foi preciso o povo se voltar primeiro para Deus para que então pudessem ver o sonho cumprido. Precisamos sonhar, sim, mas tal como um atleta obedece disciplinadamente às técnicas e tácticas do seu treinador, assim nós primeiro, precisamos conhecer e cumprir com aquilo que Deus deseja para a nossa vida e para a igreja.
E qual é o sonho de Deus para a Igreja? Jesus disse: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei de modo a que os homens saibam que eu sou Deus” (Jo 15. 12,17) Porém acrescentou que viria sobre nós momentos muito difíceis, de sofrimento e desilusão (Jo 16.12), vivendo-os Paulo exorta a igreja de Efésios (4.2) e Colossos (3.13) a suportarem-se uns aos outros.
Seremos nós capazes de sonhar e sermos comprometidos com este sonho?
Supondo sermos fiéis ao sonho e à disciplina, será isso será suficiente? Não! É preciso mais.
 
  1. Preparação
Uma vitória nos jogos Olímpicos não é fruto do acaso. A China destacou-se pelo número de medalhas alcançado. Apesar de algumas organizações terem denunciado e questionado os métodos que muitos pais submeteram os filhos de modo torná-los campeões Olímpicos, porém na verdade é que as medalhas não são fruto da fé na sorte em que acreditam. Ainda que os métodos nos mereçam critica, esboçam planos e traçam estratégias desde a mais tenra idade. Eles sabem que um campeão depende de uma preparação rigorosa.
 
No entanto a igreja, crendo no envolvimento divino, espera que Deus faça tudo. Agimos na expectativa que Ele se esforce treinando por nós e nos ajudando nas nossas corridas. Deus não ajuda preguiçosos. A narrativa bíblica está recheada de histórias que nos revelam que Deus nunca se substituiu ao esforço e empenho humano. Bem pelo contrário fazia o povo sentir-se parte integrante e responsável num projecto que era de ambos. A terra prometida não foi apenas palco de sonhos. Revelou-se também como tempo de preparação e disciplina. Deus ajudava o seu povo na medida em que o mesmo assumia a sua responsabilidade: viver disciplinadamente.
 
Será que temos investido na preparação de projectos pessoais ou colectivos? Na vida profissional ou na igreja? Queremos promoções no emprego, queremos uma igreja vitoriosa mas onde está o empenho na preparação para que o sonho se torne realidade? Dizemos que Jesus é o Caminho (Jo 3,16) mas isso não passa de uma citação. Na verdade, não dedicamos tempo a estudar o mapa que revela O Caminho. Dizemos que ele é a vida mas desconhecemos o Manual da Vida onde consta os princípios que possibilitam vivê-la em sentido pleno (Jo 10,10). As Escrituras revelam que, para além do compromisso com os sonhos comuns é preciso disponibilidade para nos preparámos na realização dos mesmos.
 
Todavia, ultrapassada a fase de planeamento e empenho existe uma última etapa. Nos momentos que dedicamos ao estudo do nosso adversário, corremos o perigo de valorizar exacerbadamente a sua força perante o conhecimento honesto da nossa fragilidade. O desânimo é o código postal da desistência. Observada a disciplina e a preparação, os textos sagrados apresentam a última recomendação: Confiança!
 
  1. Confiança
O Nelson Évora partiu para Pequim num momento muito delicado na saúde do seu pai. À TSF, a mãe confessou que antes de partir ele prometeu ao pai trazer-lhe uma medalha. Apesar do pai hospitalizado, o atleta não desistiu. Ele tinha um sonho e confiava na realização do mesmo.
 
Porém, apesar de confessarmos que a igreja é um sonho de Deus, obedecermos e nos esforçarmos na realização do mesmo, quantas vezes desanimamos e desistimos. Para aqueles que se esforçam à uma recomendação final: têm bom ânimo! (Josué 1:8) Durante o nosso esforço haverá momentos de fragilidade. Momentos em que contemplamos os nossos adversários como gigantes invencíveis. É aí que precisamos confiar. É nesses instantes que precisamos ser fortes na tua atitude porque nesse momento, Deus promete ajudar-nos a ultrapassar as nossas limitações.
 
Os portugueses medalhados ou com recordes superados podem inscrever os seus nomes na história do desporto e do país. Acredito que, enquanto aprendizes de Jesus também nós, mediante o nosso testemunho pessoal, familiar, profissional ou comunitário, mais do que ficar para a história, somos encorajados a fazer uma nova história. Talvez nunca iremos subir a um palco, receber uma medalha e ouvir o hino enquanto é hasteada a bandeira Nacional. Talvez o nosso nome nunca figure na História do Desporto ou da igreja em Portugal. Mas os princípios bíblicos acima reflectidos nos interpelam para que história da nossa família, do nosso bairro ou emprego não seja possível fazer sem uma referência ao nosso nome.
 
Para aqueles que já vieram das férias vem aí mais um ano de trabalho, mais um ano de Escola. Não nos atemorizemos com as circunstâncias à nossa volta como os atletas que bloquearam ao verem o estádio olímpico cheio. Sejamos comprometidos e disciplinados com os nossos sonhos. Não relaxemos perante o nosso aperfeiçoamento como os atletas olímpicos que passam a manhã na caminha! Preparemo-nos diligentemente na realização dos nossos sonhos Não deixemos que o desanimo se abata sobre nós como alguns atletas que desistiram perante a forte concorrência dos adversários! Confiemos! Também em Deus.
 
 
Simão Daniel Cristóvão Fonseca
(aluno do Mestrado em Ciência das Religiões)
 
publicado por Re-ligare às 00:07
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7 comentários:
De carolina a 3 de Setembro de 2008 às 07:32
Muito bom!
SUAS PALAVRAS ME ANIMARAM.
De zé carioca a 29 de Setembro de 2008 às 02:50
Eh lá...!
Que comentário profundo! Será da irmã?

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