A braços com o estudo de uma cronologia acerca da vida e obra de Jesus Cristo, amavelmente proposto como um projecto a desenvolver neste último ano da minha licenciatura, vivo um tempo de profunda admiração e digo, amor, pela pessoa que é o alvo de meu estudo.
Jesus não foi só desprezado, escarnecido, mal interpretado pelos seus inimigos que de facto, não o conheciam, mas apaixonou multidões da sua época; daqueles que se cruzavam com ele, viveram e aprenderam.
A sua generosidade e abnegação fora do comum, eram quase impossíveis de deixar alguém indiferente e de facto, ainda hoje o fazem.
Ao longo da história, quer a do mundo em que caminhou, quer desde esse tempo até hoje, meditar acerca das suas acções e motivações que vêm descritas nas escrituras é um dos melhores desafios para qualquer pessoa – é o melhor investimento em tempo e sabedoria que qualquer pessoa pode encetar. Sem dúvida, este foi o Mestre mais sábio de todos os tempos e as suas palavras e conhecimento ainda hoje ecoam e dão realmente fruto na vida de qualquer indivíduo de qualquer sociedade e origem que as aceite como orientação.
Um sábio da sinagoga, de nome Nicodemus, dirigiu-se a Jesus de noite (talvez para não se expor a mais ninguém, para que ninguém o visse falar com aquele que estava a causar alguma polémica no seu meio) e com uma atitude humilde e disposto a conhecê-lo e às suas motivações, reconheceu que Jesus deveria ter realmente uma origem incomum - uma origem divina.
No evangelho de João no capítulo 3; desde o versículo 2 até ao versículo 4, lemos que disse a Jesus quando se dirigiu a ele:” Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele”. Jesus disse-lhe que, para ver realmente o Reino de Deus, para entender as coisas de Deus, que era o que realmente aquele homem procurava, para o qual estudava como os outros sábios da sinagoga - ele teria que nascer de novo.
Para Nicodemus isto gerou alguma confusão e por isso ele perguntou a Jesus: “Como pode um homem sendo velho, voltar a nascer de novo do ventre da sua mãe?”
Na verdade aquele homem não podia valer-se do seu conhecimento adquirido, conhecimento apenas fruto da experiência humana, mas era necessário mais do que algum ser humano pode adquirir apenas por esforço próprio, era necessário realmente uma experiência com o próprio Deus, para o poder conhecer.
Conhecimento do próprio Deus que realmente só Ele mesmo pode dar, por isso ele teria de nascer outra vez, mas desta vez não da “água”, não do ventre materno, mas mais para além disso, mais do que aquilo pelo qual Nicodemus já tinha passado como recém nascido
– Nicodemus teria de nascer espiritualmente.
É muito provável que ele de facto tenha acreditado nas palavras de Jesus e assim nascido de novo, pois nos últimos capítulos escritos por João no seu evangelho, lemos que após a morte de Jesus, Nicodemus e José da Arimatéia foram tratar do embalsamento do seu corpo antes do sepultamento (uma prática comum com o corpo dos falecidos na época, embrulhados cuidadosamente em faixas de linho e com bálsamos muito preciosos)
Jesus deixa bem claro (registado por Mateus no seu evangelho, no capítulo 1; versículos 2, 3 e 4) que se alguém quer ver, entrar no Reino de Deus, conhecer efectivamente o seu reinado, ser parte dele, conhecer verdadeiramente (mais do que conhecimento mental, mas entender) terá de se tornar como uma criança.
“ Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles e disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.”
A humildade e um coração disposto a acreditar sem duvidar em Jesus como Deus e nas suas palavras é a porta a abrir-se para um novo nascimento
Sem receios como Nicodemus.
Não é nascer outra vez como já uma vez aconteceu; comigo há 35 anos, do ventre da minha mãe - desta vez agora, é nascer do espírito.
O livro de Provérbios escrito por um homem que foi rei, (Salomão) possuidor de uma imensa fortuna, mas que passou também por uma vida decaída e de insatisfação, enfim que passou por muita, muita experiência e conhecimento intelectual das coisas, regista no início do livro de Provérbios o seguinte:
“ O Temor do Senhor é o princípio do conhecimento”
Temor não é medo, mas sim confiança.
Florbela Nunes
Aluna do 3º ano da Licenciatura de Ciência das Religiões
De
Re-ligare a 14 de Setembro de 2008 às 22:03
Caro visitante,
Tem toda a razão. Este blog foi mesmo criado para que as pessoas possam fazer as suas reflexões teológicas. Contudo, como diz, é ténue e muito fina a linha que separa a reflexão da catequisação.
Infelizmente, nem sempre os autores dos textos compreendem o que fazem. Nem sempre se conseguem libertar dos espartilhos com que foram montados ao longo de muitos anos.
É para isso que cá estamos. Para ajudar as pessoas, os nossso alunos e cokaboradores, aafzer um caminho cada vez mais sério em torno de temáticas sobre religião.
Neste sentido, são muito, mas mesmo muito importantes os comentários dos nossos visiantes.
Logicamente, no nosso ouro blog, o Re-Ligare, o nível de reflexão já implica algum cuidado maior.
Muito obrigado pela sua visita e pelas suas palavras,
Paulo Mendes Pinto
De
Re-ligare a 17 de Setembro de 2008 às 01:06
Olá, viva
Neste lugar que aprecio, criado para pequenas reflexões teológicas, coloquei com agrado um texto, “O Mestre Jesus”, baseado exactamente numa reflexão teológica. O mesmo é baseado na Bíblia que creio ser um fundamento teológico riquíssimo para poder estimular e alargar os nossos horizontes de pensamento, opiniões e cosmovisão. É oportuno, visto este ser um lugar chamado “teologizar”.
Seria interessante uma reflexão teológica sua também acerca do tema se de todo achar ter algum ponto de vista sobre o mesmo. É este um lugar construtivo, de aprendizagem e partilha de experiências, para que todos fiquemos mais enriquecidos. Faço votos para que assim seja, com o caríssimo visitante.
Melhores cumprimentos!
Florbela Nunes
Aluna do 3º ano da Licenciatura de Ciência das Religiões
De João Urtiga a 17 de Setembro de 2008 às 17:39
Como não tenho reflexão teológica a fazer - isto é, reflexão teológica que seja digna de ser chamada reflexão teológica - limito-me a ficar calado!!!
Quanto ao mais, remeto-a para o comentário do Dr. Paulo Mendes Pinto
João Urtiga.
De Carol a 24 de Setembro de 2008 às 02:21
Sr Urtiga,
Gostei muito dessa sua última resposta, muito esclarecedora qto. a sua própria pessoa, nas suas próprias palavras: não tenho nada a acrescentar q seja digno....... Mas mesmo sem ter nada a dizer o sr. disse: q tal criar um... canto?? foi isso mesmo? Um canto de pregadores? No pc ou quase nada q o sr expressou, ou seja, criticou sem contribuir com nada digno de nota, senti desde aqui do Brasil um cheiro forte de fundamentalismo religioso: vamos excluir tudo e todos q não concordam com o q o sr pensa. Não é isso sr Urtiga!
E o pior... O responsável pelo blog se deixou levar pelo profundo, profundo das suas "reflexões"
kkkkkkk....
De Anónimo a 24 de Setembro de 2008 às 02:49
Cara Flor Bela,
Tb visito esse blog, eventualmente, e gosto muito de suas publicações, do Sr Melancia e outros q publicam nesse espaço. Fiquei perplexa diante das "declarações" pré-conceituosas do sr Urtiga e como esse discurso emproado de"ciencia' não consegue disfarçar um ranço de fundamnetalismo e exclusão. Li outro dia os "Cristãos aos Leões"? do Sr Melancia e a coisa vai por aí... Um ódio, uma ojeriza injustificáveis contra os cristãos... Pode ter certeza minha cara, se vc tivesse escrito sobre Macumba, vodu, candomblé, budismo, taoísmo etc, etc, todos estariam reverenciando seu discurso de inclusão, respeito as diferenças e ética a todas as religiôes; é um blá, blá, blá.... Mas qdo. se fala no NOME DE JESUS, os pavões de todos os credos abrem as caudas, incham os papos e vomitam um desdém q nem eles mesmos sabem explicar pq; é como se desse um comichão nos ouvidos.
A propósito urtiga aqui no Brasil é uma erva q quando toca em alguém promove comichão e um sensação desagradável de queimação. Será a neo-inquisição?
Continue escrevendo!
Meus parabens a todos q fazem o teo-logizar, a proposito gostei muito desse último post: A História como Argumento apologético.
De carol a 24 de Setembro de 2008 às 02:53
Olá, sou eu Carol:
Cara Flor Bela,
Tb visito esse blog, eventualmente, e gosto muito de suas publicações, do Sr Melancia e outros q publicam nesse espaço. Fiquei perplexa diante das "declarações" pré-conceituosas do sr Urtiga e como esse discurso emproado de"ciencia' não consegue disfarçar um ranço de fundamnetalismo e exclusão. Li outro dia os "Cristãos aos Leões"? do Sr Melancia e a coisa vai por aí... Um ódio, uma ojeriza injustificáveis contra os cristãos... Pode ter certeza minha cara, se vc tivesse escrito sobre Macumba, vodu, candomblé, budismo, taoísmo etc, etc, todos estariam reverenciando seu discurso de inclusão, respeito as diferenças e ética a todas as religiôes; é um blá, blá, blá.... Mas qdo. se fala no NOME DE JESUS, os pavões de todos os credos abrem as caudas, incham os papos e vomitam um desdém q nem eles mesmos sabem explicar pq; é como se desse um comichão nos ouvidos.
A propósito urtiga aqui no Brasil é uma erva q quando toca em alguém promove comichão e um sensação desagradável de queimação. Será a neo-inquisição?
Continue escrevendo!
Meus parabens a todos q fazem o teo-logizar, a proposito gostei muito desse último post: A História como Argumento apologético.
De Carol a 24 de Setembro de 2008 às 03:38
Sr. Coordenador Mendes Pinto
Sou visitante eventual desse blog o qual muito tem acrescentado às minhas reflexões e caminhada na terra pós-cristã. E foi uma surpresa, digo, choque, muito grande, não as declarações do sr Urtiga - esse tipo de "comentarista" é o q mais encontro no Brasil: uma postura declaradamente anti-cristã, apenas issso. De fato, o q me deixou perplexa foram as suas declarações. Se eu entendi, não é politicamente correto falar de JESUS, EVANGELHOS e BIBLIA no seu blog??? Como explicar tal proibição, ou censura? num blog de TEOLOGIA??!!!
É OS DIAS SÃO MAUS como dizia....
Se o sr realmente, como afirmou "quer ajudar as pesssoas" não seria o caso de permitir q TODOS exponham suas próprias experiências e reflexões? para q a verdade aflore, isso parece Socrátes, bom... esse pode ser citado? Veja bem, indo no seu re-ligare achei chatissímo aquelas cartas de Alexandre W. Mas, fazer o q?
Por outro lado "ajudar" nesse caso já demonstra claramente q não seria uma atitude propriamente socrática; se ficamos só com a filosofia, esse "ajudar" é de uma tão indisfarçável superioridade q não ajuda em nada, mas anula e castra.
Perdão, não queria usar palavras dúbias para não ser deselegante ou desagradável, afinal " libertar-se dos espartilhos" mas pareceu uma agressão machista a escritora; espartilhos é uma palavra da intimidade das mulheres q não deve ser lançado dessa forma numa discussão teológica, como sabemos pode dar muitas conotações, todas grosseiras, o sr não crê sr Mendes Pinto?.
Afinal podemos manter o nível da discussão no ambito da discussão teológica, sem comentários chauvinistas!
Espero q o sr considere meus comentários.
De
Re-ligare a 28 de Outubro de 2008 às 21:50
Claramente, leu o meu comentário com alguma leveza. Não digo nada do que indica. Nunca este, ou outro dos nossos blogs, foi contra cristãos ou contra outros religiosos.
Não percebo mesmo como pode ter depreendido tal coisa das minhas palavras.
Obrigado por nos visitar,
Paulo Mendes Pinto
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