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Sábado, 27 de Dezembro de 2008
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM


Há 60 anos, exactamente no dia 10 de Dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou em Paris a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Havia precedentes. Por exemplo, a famosa Charta Magna libertatum - a Magna Carta -, de 1215. Mas ela começa assim: "Estas são as demandas que os barões solicitam e o senhor rei concede", acabando, portanto, por abranger apenas os "homens livres".

A Declaração de Direitos (Bill of Rights) do Bom Povo de Virgínia, de 1776, já reconhecia os direitos dos indivíduos enquanto pessoas, mas não se estendia a todos, pois não incluía os negros, considerados "uma espécie inferior".

Em 1789, a Assembleia Nacional Francesa promulgou a célebre Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, mas este Homem era ainda só o varão branco e proprietário.

Na Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclama-se, pela primeira vez, que toda a pessoa humana, independentemente do sexo, condição social, raça, religião, nacionalidade, é detentora de direitos fundamentais, que devem ser respeitados por todos, pois são universais e valem em todo o tempo e lugar.

Mas não houve consenso. Oito países abstiveram-se de votar a favor. A Arábia Saudita e o Iémen puseram em causa "a igualdade entre homens e mulheres". A África do Sul do apartheid contestou o "direito à igualdade sem distinção de nascimento ou de raça". A Polónia, a Checoslováquia, a Jugoslávia e a União Soviética, comunistas, contestaram que alguém pudesse invocar os seus direitos e liberdades "sem distinção de opinião política".

Entretanto, em 1966, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou o "Pacto Internacional de Direitos Económicos, Sociais e Culturais" e o "Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos", que, para entrarem em vigor, precisariam de ser ratificados pelo menos por 35 países membros, o que só aconteceu dez anos mais tarde.

Embora a sua violação continue uma constante, como permanentemente informa e denuncia a Amnistia Internacional, há uma consciência universal crescente dessas duas gerações de direitos - civis e políticos, e económicos e sociais -, a que veio juntar-se uma terceira geração, cujos titulares não são os indivíduos, mas os povos, como o direito ao desenvolvimento, o direito à autodeterminação, a um meio ambiente sadio, à paz.
 

Continua o debate sobre a sua universalidade, que J.-Fr. Paillard sintetizou nesta pergunta: "Um instrumento ideológico ao serviço do Ocidente", para impor ao resto do mundo a sua visão do bem e do mal? M. Gauchet, por exemplo, disse: "Do ponto de vista de um dirigente chinês, indiano ou árabe, os direitos do Homem são antes de mais os direitos do homem branco a exportar o modelo de civilização que os tornou inteligíveis."

No entanto, ainda recentemente - Junho de 1993 -, na Conferência das Nações Unidas sobre os Direitos do Homem, os Estados reafirmaram: "Todos os direitos do Homem são universais, indissociáveis, interdependentes e intimamente ligados." E, considerando a diversidade cultural em conexão com este universalismo, acrescentaram: "Se importa não perder de vista a importância dos particularismos nacionais e regionais e a diversidade
histórica, cultural e religiosa, é dever dos Estados, seja qual for o sistema político, económico e cultural, promover e proteger todos os direitos do Homem e todas as liberdades fundamentais."

No início de um novo ano, que melhores votos que os do cumprimento pleno destes direitos?

Referindo o Preâmbulo da Declaração - "Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo; considerando que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar, de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do Homem..." -, um caricaturista do El País pôs Deus a ler e a exclamar: "Que preâmbulo! Não tinha lido nada tão bom desde o Sermão da Montanha."

Anselmo Borges
Padre e professor de Filosofia 

(membro da Comissão Científica da Revista Lusófona de Ciência das Religiões)

publicado por Re-ligare às 23:56
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Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2008
'PROVAVELMENTE DEUS NÃO EXISTE'

 

É possível que já em Janeiro, nas ruas de Londres, as pessoas se deparem com cartazes no exterior dos autocarros com estes dizeres: "There's probably no God. Now stop worrying and enjoy your life" (Provavelmente Deus não existe. Então, deixe de preocupar-se e desfrute a vida).

Trata-se de uma campanha publicitária a favor do ateísmo, promovida pela Associação Humanista Britânica e apoiada pelo célebre biólogo darwinista R. Dawkins, professor da Universidade de Oxford, ateu militante e, segundo muitos, fundamentalista.

A campanha foi um êxito, pois rapidamente conseguiu fundos - dezenas de milhares de euros - mais que suficientes para pô-la em marcha. Segundo a jornalista Ariane Sherine, que a tinha sugerido em Junho, "fazer uma campanha em autocarros com uma mensagem tranquilizadora sobre o ateísmo seria uma boa forma de contrabalançar as mensagens de certas organizações religiosas que ameaçam os não cristãos com o inferno".

Para Dawkins, "a religião está acostumada a ter tudo grátis - benefícios fiscais, respeito imerecido e o direito a não ser ofendida, o direito a lavar o cérebro das crianças". Assim, "esta campanha de slogans alternativos nos autocarros de Londres obrigará as pessoas a pensar. Ora, pensar é uma maldição para a religião".

Logo que apareceu o anúncio da campanha, fui confrontado por um jornalista da TSF: se a achava provocatória. Respondi que até a achava interessante. De facto, era isso mesmo: obrigaria as pessoas a pensar nas questões essenciais, e Deus é uma dessas questões decisivas.

Constatei, mais tarde, que essa foi também a posição de líderes religiosos britânicos, que responderam favoravelmente à iniciativa. Aliás, qualquer um tem o direito de promover as suas ideias através de meios apropriados. A Igreja Metodista agradeceu inclusivamente a Dawkins pelo facto de encorajar um "contínuo interesse por Deus". A rev. Jenny Ellis disse: "Esta campanha será uma boa coisa, se levar as pessoas a comprometer-se com as questões mais profundas da vida." E acrescentou: "O cristianismo é para pessoas que não têm medo de pensar sobre a vida e o sentido."

É significativo aquele "provavelmente". Dawkins não sabe que Deus não existe e, por isso, escreve: "Provavelmente." A existência de Deus não é objecto de saber de ciência, à maneira das matemáticas ou das ciências verificáveis experimentalmente. Nisso, Kant viu bem: ninguém pode gloriar-se de saber que Deus existe e que haverá uma vida futura; se alguém o souber, "esse é o homem que há muito procuro, porque todo o saber é comunicável e eu poderia participar nele".

Afinal, também há razões para não crer, mas, quando se pensa na contingência do mundo, no dinamismo da esperança em conexão com a moral e na exigência de sentido último, não se pode negar que é razoável acreditar no Deus pessoal, criador e salvador, que dá sentido final a todas as coisas. Numa e noutra posição - crente e não crente -, entra sempre também algo de opcional.

Mas, nos cartazes, o mais impressionante é a segunda parte: "Deixe de preocupar-se e desfrute a vida." É claro que o que está subjacente a esta conclusão é a ideia de um Deus invejoso da vida e da alegria dos homens e das mulheres.

Se a primeira parte obriga os crentes a pensar, retirando da fé tudo o que de ridículo - pense-se em todas as superstições - lhe tem andado colado, a segunda tem de levá-los a "evangelizar" Deus. É preciso, de facto, reconhecer que houve e há muitos a quem "Deus" tolheu a vida, de tal modo que teria sido preferível nunca terem ouvido falar no seu nome - pense-se no horror do inferno, nas guerras e ódios em seu nome, no envenenamento da sexualidade, na estreiteza e humilhação a que ficaram sujeitos.

Agora que está aí o Natal, é ocasião para meditar no Deus que manifesta a sua benevolência e magnanimidade criadoras no rosto de uma criança. Jesus não veio senão revelar que Deus é amor, favorável a todos os homens e mulheres e querendo a sua realização plena. Perante um "deus" que os humilhasse e escravizasse, só haveria uma atitude digna: ser ateu.

           


Anselmo Borges
Padre e professor de Filosofia 

(membro da Comissão Científica da Revista Lusófona de Ciência das Religiões

          

Artigo publicado no Diário de Notícias

publicado por Re-ligare às 13:32
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Deus com todos

 

1.Talvez não seja para homenagear Jesus Cristo e as Igrejas cristãs que a publicidade da Vodafone classifica o Natal como a maior festa do mundo. Direi, no entanto, por todas as razões e mais uma, se o não é, devia ser. Já se tentou, em nome do rigor histórico, eliminar, da cultura do Ocidente, a memória desse estranho judeu, de há dois mil anos, que continua a ser invocado por muitos milhões de pessoas como permanente fonte de vida. Sucessivas gerações de historiadores, com perspectivas muito diversas, têm tornado impossível esse negativismo. Não se espera, no entanto, que a investigação histórica venha algum dia a explicar esse enigma testemunhado nos textos do Novo Testamento, canónicos ou apócrifos. Qualquer trabalho histórico é sempre parcial e não pode evitar as marcas da subjectividade. Não se prevê uma “narrativa canónica” da história do mundo em que Jesus viveu e onde a sua memória se perpetuou. Cada historiador terá sempre de escolher um ângulo de visão e de apresentação do seu trabalho. A noção de verdade histórica está sempre exposta a diferentes configurações. Por outros motivos, o mesmo acontece com as convicções da fé em Cristo. Como Jesus não cabe em nenhum dos títulos que lhe foram atribuídos, haverá sempre quem diga: não, não é bem assim, estão a esquecer o essencial.
                    
2. Vou saltar, de propósito, para a narrativa de um sonho acerca da origem de Jesus Cristo, cujo género literário não pode ser controlado pela investigação histórica: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo. José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente. Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados.» Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel, que quer dizer: Deus connosco. Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor, e recebeu sua esposa. E, sem que antes a tivesse conhecido, ela deu à luz um filho, ao qual ele pôs o nome de Jesus (Mt 1, 18-25).
Quem olhar para este texto como se fosse um tratado de biologia ou de sexualidade sobrenatural, tem de o achar ridículo e de o entregar ao mundo das anedotas. Ridículo, porém, é esse olhar naturalista. Para uma perspectiva geral de interpretação de textos bíblicos, Orígenes (185-253 d.C.) – apontado como o professor e escritor mais erudito da Igreja Antiga, nascido de uma família cristã do Egipto – já tocou no essencial: “Os simples que interpretam a Bíblia, meramente à letra, formam frequentemente de Deus um conceito muito pior do que se Ele fosse um homem brutal e injusto. (…) A causa de falsas opiniões e de afirmações ímpias ou simplistas parece ser o facto de que a Escritura foi entendida não segundo o seu sentido espiritual, mas à letra”.
Não é neste espaço que posso apresentar a natureza dos impropriamente chamados “Evangelhos da Infância” de Jesus, nos quais figura a narrativa transcrita. Dir-se-á que é um mito. Embora a palavra “mito” possa ter significações que não se aplicam aqui, quem ler o texto nessa direcção está num caminho possível. Neste caso, a linguagem mítica não é uma mentira porque não pretende ser a substituição de uma explicação biológica da concepção e do nascimento de Jesus. Esta linguagem é a expressão simbólica, poética, de uma intuição teológica magnífica, inscrita na significação do nome dado à criança, Jesus (Deus salva), explicitando-o com outro: Emanuel, (Deus connosco).
Lembro, aqui, uma passagem da belíssima “políptica de maria klophas dita mãe dos homens”, de Mário Cesariny: O jogral do céu / riscou uma estrela no manto judeu // e o milagre veio / sem perdão nenhum sem forma sem meio // sobre a palha loura / caiu o menino de nossa senhora // menino perfeito / com fomes e prantos com raivas e peito (1).
As orações do Missal Romano terminam todas assim: “Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo”. No passado dia 18, a antífona da comunhão, era esta: “O seu nome será Emanuel, Deus-connosco”, com a indicação de Mateus 1, 23. Mas a oração que se seguiu esqueceu-se e Jesus Cristo deixou de ser Deus-connosco. Que Ele seja Deus com Deus, óptimo, mas o Natal é para fazer a festa de que, afinal, Ele é Deus-connosco. Todos os trabalhos da vida adulta de Jesus tiveram como objectivo mostrar que Deus está sempre por perto, sobretudo daqueles que, por razões de saúde, de higiene, de profissão, de moral, de religião, de nação, eram classificados como pecadores, abandonados de Deus e sem direito ao convívio social e religioso. O Natal é a festa da transformação da esperança individual ou étnica, na esperança universal: reunir todos os filhos de Deus dispersos, os filhos de todos os povos.
        Santo Natal
               
Frei Bento Domingues, o.p.
(primeiro director da Lic. em Ciência das Religiões)
 
 
(1)                Manual de Prestidigitação, Lisboa, Assírio & Alvim, 2004, p.30-31.
 
publicado por Re-ligare às 13:27
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Conto das “mãos vazias”

 

 
Conto de Luz é o nome que apadrinha o projecto da CM Lisboa para celebrar o Natal de 2008 na cidade de Lisboa. Numa época de crise financeira, económica e, consequentemente social, a celebração do Natal só pode ser mesmo um conto. Infelizmente, para a maioria das famílias cada vez mais escuro.
Apesar da crise económica que o país atravessa, a empresa contratada para o desenvolvimento do evento em Lisboa - Blachere Iluminations - é a mesma que assegura a decoração da cidade das luzes. Da cidade que matou Deus, ironicamente, contra a razão que herdámos do secularizado iluminismo francês, agora cremos, praticamos e encomendamos-lhes a celebração dos rituais de uma outra religião. Não a religião do Deus menino que iluminava o homem, mas do materialismo que agora nos cega mediante a iluminada alienação proveniente do culto ao consumo.
Confesso que me incomoda cada vez mais a celebração do Natal. Não do advento mas do conto. Do conto que nos é apregoado em clichés publicitários - “O presente Perfeito”, “ Onde o Natal é mais barato”. Do conto que nos é lido como o maior presente. Do conto que observamos mergulhados num mar de prendas. Em meio destas reflexões, lembrei-me de uma jovem palestiniana.
Com o seu testemunho aprendi que o Natal não é apenas boas notícias com anjos a cantar canções de paz e fraternidade. Aprendi que o Natal também está mergulhado numa terrível história de uma reputação perdida perante família, noivo e de angústia na eminência da morte. Porém, com ela também pude relembrar que apesar do choque, o choro pode durar uma noite mas o cântico vêm pela manhã. Mais que uma melodia ou expressão de sentimentos, este cântico revela o conhecimento e a confiança nas Sagradas Escrituras.
Finalmente com ela também pude aprender que a Estrela não nos leva ao palácio mas a esse rico e maravilhoso lugar cuja a humildade transforma o valor das ofertas em significado. Sem prenunciar uma só palavra, ensinou-me que existe tanta riqueza nas mãos vazias dos pastores da cidade de Belém como no presente dos Magos. Ela não usou o ouro como adorno do recém-nascido antes transformou-o na garantia da protecção e sobrevivência da criança durante os dois anos de refúgio no Egipto.
Não é a melhor forma para terminar um conto, muito menos de luz, mas a história de Natal da jovem Maria termina numa fuga. Uma fuga que fez escapar o filho de um entre os maiores martírios da história – a morte de todas as crianças residentes na cidade de Belém com menos de um ano de idade. Independentemente do lugar onde nós habitualmente terminamos as nossas leituras litúrgicas, ao contrário dos contos, a história do Natal termina com o choro de muitas famílias perante a chacina de muitas crianças.
No ano em que o BPN fez estremecer a banca nacional e instalar-se a insegurança das poupanças que restam a alguns, no ano que o BPP gerou a profunda polémica no perante as garantias que o governo deu às fortunas dos mais ricos, no ano em que as manifestações contra as condições laborais endureceram violentamente, no ano em assombrosamente cresceu o número de famílias em colapso financeiro, no ano em que o desemprego avassalou o país, neste mesmo ano, tal como Maria, apesar da adversidade das circunstancias, precisamos ser capazes de olhar para as Escrituras de modo a que elas despertem em nós um cântico de esperança – Esperança traduzida na aceitação da missão do menino como Salvador.
Talvez como nunca antes, este Natal pode voltar a ser Kairos. Um desafio para que o nosso Kronos se apresente de “mãos vazias” e no lugar das prendas, preencha o vazio com outras mãos, também vazias – quiçá de companhia, dignidade ou afecto. Porém, se em nós houver coração para partilhar o ouro que nos resta e em tempos de crise tanta falta nos faz, muito além da solidariedade, antes de partirmos ousemos deixar nessas mesmas mãos a possibilidade de outros poderem fazer, também a sua viagem de refúgio em direcção à digna sobrevivência.

           

Simão daniel

(aluno do Mestrado em Ciência das Religiões

publicado por Re-ligare às 12:13
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Do Natal da arte à arte do Natal! (1)

 

O processo de “Desmitologização do Natal” que decorre há dois séculos tem transformado o significado do Natal num valor comercial, social ou lúdico. Dos presentes às consoadas, do Pai Natal às árvores de Natal e às ruas iluminadas têm-se revelado celebrações que, emprestando uma espiritualidade laica à quadra, alienam o seu significado.
 
No quadro da celebração de um ritual despido do seu mito, proponho uma breve reflexão, quiçá profana, mas que anseia por deixar que a encarnação do verbo permaneça no centro da sua memória. 
 
O presépio é um desses lugares enquanto símbolo que traz à memória o nascimento do Emanuel - Deus que se tornou menino para habitar como e entre os homens. Reza a historia que a origem do presépio remonta a uma representação teatral que Francisco de Assis terá realizado com figurinos vivos. Desde então as cenas da natividade começaram por ser objecto de arte. Em Portugal destaca-se particularmente o Presépio da Basílica da Estrela, construído em 1784, pela mão do consagrado artista de presépios Joaquim Machado Castro. Podemos estar a falar de artistas e arte, todavia a respectiva contemplação das obras não nos remete para a festa comemorativa mas para um outro horizonte, o da consciência da acção divina no tempo e espaço humano.
 
Prosseguindo em outra direcção artística, a palavra vilancico, remete-nos para uma género musical do século XVII. Genuinamente português, enquanto arte de cantar o Natal este estilo musical alude à reminiscência do cântico dos anjos enquanto mensagem que vincula a união entre o céu e a terra, a aliança que viabilizou a relação do profano com o divino, o Deus menino na fragilidade do barro. Porém, um passo na história e, dos templos para as catedrais do comércio, o moderno sec XX globalizou o Natal ao som de “White Christmas” e “Silent Nigth, Holly Nigth”.
 
Entre os destroços que nos restam do “Natal da arte”, ouso inverter a marcha em direcção à “Arte do Natal”. Um percurso de escuta e meditação que me sussurra de novo: “não havia lugar para eles” (Lucas 2,7). Nessas palavras do primeiro Natal encontro uma outra arte de iluminação, a capacidade de penetrar no interior do ser humano de modo a reacender nele a centelha da vida.
 
Simão Daniel
(aluno do Mestrado em Ciência das Religiões)
 
publicado por Re-ligare às 12:11
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Quinta-feira, 25 de Dezembro de 2008
MENINOS-ESTRELA

 

A tradição era milenar: já tinha sido dito a Abraão para ver rostos de crianças no brilho das estrelas! «Conta as estrelas… em cada uma verás um filho», disse-lhe o Todo-Poderoso.
«Vimos a sua estrela» disseram os sábios do Oriente, quase dois mil anos mais tarde, quando procuravam o menino-estrela nascido em Belém.
O Principezinho limpava vulcões extintos; a nossa civilização tem-se ocupado em apagar estrelas que brilham. E vamos ficando gradualmente às escuras porque não só apagamos estrelas como, ainda por cima, não percebemos que novas constelações vão surgindo neste multiverso da vida.
É verdade, bem sei, que existe muito lixo cósmico – estrelas que nasceram, brilharam e morreram...
Mas há esperança! O meu desejo é que a «estrela» deste Natal derrame alguma luz neste 2009 que se avizinha sombrio.
Luís Seabra Melancia

 

publicado por Re-ligare às 11:30
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Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2008
Jesus e o Natal

 

O Homem que dividiu a História como muitos afirmam e como os calendários do ocidente e com o conhecimento de quase todo o mundo, apontam – também vive no Natal. O Natal comemora ainda que não na data precisa, com um consumismo desenfreado que quase abafa a sua razão de ser - o nascimento de Jesus.
Jesus, um carpinteiro fora do comum pelo seu estilo de vida coerente com as suas palavras, um mestre cujos valores que vivia e ensinava sem imposição, a homens, mulheres e crianças é afinal a pessoa que deu origem às festas natalícias? Não é muito evidente, mas quase todos o sabem.
Nos dias que correm, e até porque o Natal é uma festa com não muitos anos de existência, a caridade, e até o verdadeiro amor, generosidade e sopro de esperança; são as “vozes do espírito do Natal” que todos reconhecem como expressões do carácter que Ele demonstrava revelado nas escrituras.
Não vou dizer que é uma festa pagã, nem dizer que a data do seu nascimento não é exactamente esta, mas sim realçar o facto de que efectivamente – não se consegue separar este Homem e tudo o que é e representa - do Natal. Apesar de em muitos lugares se querer proibir a sua comemoração por ferir a susceptibilidade de não crentes, de se deitar símbolos fora, de substituí-los por outros – não creio que isso seja um perigo para quem ultrapassa todas as gerações e continua a transformar positivamente as vidas dos que o seguem. O Autor de Hebreus diz na sua carta “Jesus Cristo é o mesmo Ontem, Hoje e Eternamente”. As datas, calendários, estações, gerações mudam – mas não Jesus.
Felizmente ainda hoje se comemora o seu nascimento - numa data simbólica, 25 de Dezembro e o fruto dessa comemoração, não é amargo, mas doce e desejável.
Não creio que se Ele estivesse aqui agora mesmo ficaria zangado por esta não ser a data exacta do seu aniversário, por o Natal ser um pretexto para as compras, ou que reprovaria a atitude de dar que normalmente e com entusiasmo se vive nesta época. Mesmo sendo só uma vez por ano, já é melhor do que nenhuma…
Alguém disse que o Natal é quando um Homem quiser e referiu-se à generosidade que representa esta época. É verdade.
Continuando na verdade, sim porque ela existe, Jesus pode nascer a todo o momento, desta vez na vida pessoal de cada indivíduo único que o queira acolher. Afinal foi para isso que Ele morreu.
Haverá prenda melhor que esta, perpetuar o Natal dentro de cada um de nós? Afinal, está nas nossas mãos. O Natal é mesmo quando um Homem quiser…
“ Mas a todos quantos o receberam Deus deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” João 1:12
 
Florbela Nunes  
(Aluna do 3º ano da Licenciatura de Ciência das Religiões)
publicado por Re-ligare às 15:45
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Domingo, 14 de Dezembro de 2008
O FÓRUM CATÓLICO-MUÇULMANO


Após a tragédia da Índia, em Bombaim, ganha urgência maior o princípio de Hans Küng: não haverá paz entre as nações, sem paz entre as religiões; não haverá paz entre as religiões, sem diálogo entre elas e sem um novo ethos - uma nova atitude ética - global.

Lembro, pois, pela sua importância, o encontro inédito e histórico entre 29 muçulmanos, representando várias correntes do islão, e igual número de católicos, que teve lugar no Vaticano entre 4 e 6 de Novembro passado.

Quem não se lembra do célebre discurso de Bento XVI em Ratisbona, em Setembro de 2006, e da indignação por ele causada no mundo islâmico por alegadamente associar islão e violência? Foi assim que, em Outubro de 2007, um ano depois, 138 académicos, clérigos e intelectuais islâmicos do mundo inteiro, numa Carta a Bento XVI, com o título Uma Palavra Comum entre Nós e Vós, declararam que, apesar das suas diferenças, o islão e o cristianismo - as duas maiores religiões: juntas, representam mais de 55% da população
mundial -, partilham a mesma Origem Divina, a mesma herança abraâmica e os mesmos mandamentos essenciais: o amor a Deus e o amor ao próximo. Também afirmavam que, se não houver paz entre os cristãos e os muçulmanos, não haverá paz no mundo.

A esta mensagem respondeu o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal T. Bertone, em Novembro de 2007: "Sem ignorar nem diminuir as nossas diferenças, podemos e portanto deveremos olhar para o que nos une."

Os contactos entre as autoridades católicas e muçulmanas conduziram, em Março deste ano, à instituição do Fórum Católico-Muçulmano e à organização do referido encontro no Vaticano.

No fim do Seminário, houve uma Declaração comum, em 15 pontos.  


Logo no primeiro, mostra-se como a concepção de um Deus, fonte de amor, é partilhada pelas duas religiões.

Afirma-se depois que "a vida humana é o dom mais precioso de Deus a cada pessoa. Portanto, deveria ser conservado e honrado em todas as suas etapas".

A pessoa requer "o respeito pela sua dignidade original e a sua vocação humana". Defende-se, por isso, uma legislação civil que assegure "a igualdade de direitos e a plena cidadania" de todos, e há o compromisso conjunto de "assegurar que a dignidade humana e o respeito se estendam a uma igualdade de base entre homens e mulheres".

O respeito da pessoa e suas opções em assuntos de consciência e religião "inclui o direito de indivíduos e comunidades praticarem a sua religião em privado e em público". Também "as minorias religiosas têm direito a ser respeitadas nas suas convicções e práticas religiosas".

"Nenhuma religião nem os seus seguidores deveriam ser excluídos da sociedade." A criação de Deus na sua pluralidade de culturas, civilizações, línguas e povos é "uma fonte de riqueza e portanto não deveria nunca converter-se em causa de tensão e conflito".

É necessário promover uma informação exacta sobre as religiões e proporcionar uma "sã educação em valores humanos, cívicos, religiosos e morais aos seus respectivos membros".

Católicos e muçulmanos estão chamados a ser "instrumentos de amor e harmonia entre crentes e para a humanidade em geral, renunciando a qualquer tipo de opressão, violência agressiva e terrorismo, sobretudo quando se cometem em nome da religião".

Sem justiça para todos, não haverá paz. Por isso, a Declaração apela aos crentes para que trabalhem em ordem a criar "um sistema financeiro ético no qual os mecanismos reguladores tenham em conta a situação dos pobres e deserdados, tanto indivíduos como nações endividadas".

No termo do Seminário, Bento XVI recebeu os participantes, apelando veementemente a que as religiões se tornem artífices da paz e a liberdade religiosa seja respeitada "por todos e em todos os lados". Certamente, pensava também nas minorias cristãs perseguidas em países de maioria muçulmana.

A Declaração conclui com o compromisso de realização de um segundo Seminário do Fórum dentro de dois anos "num país de maioria muçulmana". Oxalá!
 

Anselmo Borges
Padre e professor de Filosofia
artigo publicado no jornal
Diário de Notícias

 

publicado por Re-ligare às 00:49
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Sábado, 13 de Dezembro de 2008
DECORRIDOS 60 ANOS...

 
 
A 10 de Dezembro de 1948, no rescaldo da 2ª guerra mundial, a Assembleia Geral das Nações Unidas (criada três anos antes) aprovava a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Uma carta de intenções que, decorridos 60 anos, continua ainda longe da sua aplicação universal.
 
O que é que correu mal? Por que razão é tão verdadeira a ilustração colocada no blog re-ligare, quando apresenta uma humanidade ainda marcada pela pobreza, pela injustiça, pela guerra, pelo terrorismo, pelo fundamentalismo religioso…? Por que razão valores fundamentais como a liberdade, a igualdade de oportunidades, a justiça, a fraternidade, parecem ser, cada vez mais, negados e proibidos?
 
Karl Barth chamou a atenção para o facto de Deus estar a ser empurrado para a periferia através de um processo que foi sendo desenvolvido em dois documentos clássicos e revolucionários de finais de século XVIII: a Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776) e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789). Essas duas declarações, uma americana e outra europeia, uma que vem do  «velho mundo» e outra que emana do «novo mundo», ligadas às duas revoluções estruturantes da vida moderna, essas duas declarações, dizia, enveredam pelo que poderíamos chamar de antropocentrismo humanista, uma vez que, no caso francês, o «Ser supremo» só é referido no preâmbulo e no caso americano se reconhece, de passagem, o «Criador».
 
Com a revolução copernicana, a Terra deixou de ser o centro do universo, mas com a revolução humanista o homem passou a ser o centro de si próprio! Ora, o homem centrado em si mesmo tem muito pouco que lhe sirva de centro. É necessária uma reconstrução ontológica: é o facto de crer que a vida humana emana e está ligada a Alguém superior que dá ao homem uma dignidade e valor fantásticos! Aí sim, é quando o homem inscreve a sua natureza na «imago Dei» que os «Direitos do Homem» ganham uma dignidade que até então não tinham. O que me parece é que a saída do estado de menoridade (Kant) levou o homem a um estado de orfandade; a esperança Iluminista acabou por desaguar num desespero existencialista.
 
E necessita, outra vez, de um Pai, chame-o ele de Deus, Yavé, Brahma ou Allah.
 
Bem dizia Pascal que é perigoso mostrar ao homem como é semelhante aos animais, sem lhe mostrar simultaneamente a sua grandeza.
 
Luís Seabra Melancia
Docente na Lic. em Ciência das Religiões

 

publicado por Re-ligare às 14:54
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Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008
Nem só de pão vive o homem



1.Nem só de pão vive o homem, mas sem pão é difícil. O Diabo sabia disso quando pôs Jesus à prova no deserto. Hoje, diante dos efeitos económicos da especulação financeira, a nível global e local, a oração pelo “pão nosso de cada dia” – que não dispensa o trabalho – continua a fazer todo o sentido.

Quanto à crise, consultei o site da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE). Estava com pouca luz. O filósofo André Comte-Sponville – um ateu meio cristão – realça o primado evangélico do amor, alma de uma ética superior, mas não perde o sentido do realismo mais chão: “A ética vale mais do que a moral. A moral vale mais do que o direito. Mas a moral é mais necessária do que o amor, o direito é mais realista do que a moral. Se não formos capazes de viver à altura do Novo Testamento, respeitemos, ao menos,
o Antigo”.

São afirmações lapidares e insuficientes. Encontrei alguns fervorosos católicos lamentando que o Papa – embora com alguns recados à Banca – não tenha excomungado os maiores responsáveis por uma crise que continua mais misteriosa do que a Santíssima Trindade.

A receita das excomunhões não me entusiasma e as determinações papais só contam para quem as deseja acolher. Por outro lado, os textos do Novo Testamento colocaram na boca de Jesus de Nazaré e de sua Mãe textos assustadores sobre os ricos. Na escola de S. Paulo, sustentava-se que “a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro” (1Tm 6, 10). Os cristãos que alinham com sistemas de exploração e com práticas de corrupção sabem muito  bem o que fazem e sabem que estão, pelo efeito da sua actuação perversa, a
excomungar-se da comunidade humana.

2. Estamos no Advento, mas a necessidade de vigilância não é exclusiva desta quadra litúrgica. Hoje, mesmo fora dos espaços eclesiais, é frequente ouvir: não se pode permitir aos mercados que façam o que lhes apetece sem qualquer controle. Não basta, no entanto, aproveitar a crise para ter mais cuidado com a gestão da vida económica. Quem ficar por aí, vai sonhar com o fim deste pesadelo para voltar a pautar a vida pessoal, profissional e social pela mesma escala de preocupações. Ora, o que está em causa é o sentido que cada um dá à sua vida, a responsabilidade que assume em relação ao bem comum e o espírito de compaixão pelos que vivem sós e abandonados: justiça e gratuidade.

A alteração de critérios deve começar já pela preparação deste Natal. É evidente que ainda há muito sentimento humano para que os sem abrigo e os velhos e novos pobres não sejam totalmente esquecidos. Os meios de comunicação podem fazer imenso para avivar o sentido da solidariedade e nem são precisas “300 ideias” para os atender. Mas, se ficarmos por aí, é porque pensamos que as pessoas “só vivem de pão”. Além da satisfação das
necessidades materiais básicas – e estamos muito longe destas serem atendidas, apesar de todos os programas de combate à pobreza – as pessoas vivem, sobretudo, de afectos e beleza. Quando os presentes de Natal não são investimentos, valem na medida em que forem concretizações de presença pessoal, de reconhecimento, isto é, de que os outros contam para nós. É normal que o marketing se esforce por encontrar modelos de gastos de Natal para tempos de crise, porque presentes de luxo para gente de luxo são
negócios, válidos apenas como negócios, mais ou menos honestos, investimentos talvez mais seguros do que a oscilação dos jogos da Bolsa. A ética desses investimentos e jogos é anti-solidária: a riqueza de uns implica a pobreza de outros.

3. Na perspectiva de revisão de vida, neste tempo de Advento, talvez possamos mudar de registo sem muitos gastos. É um momento privilegiado para descobrir a aliança entre a pobreza voluntária e a beleza. A pobreza, quando imposta, é feia e destruidora. Quando voluntária, pode ser azeda por moralismo, como a de João Baptista, ou bela como a de Jesus e Francisco de Assis. Os Evangelhos encheram de música o curral do nascimento do filho de Maria e o “Poverello” foi o grande poeta do presépio e da natureza. Fra
Angélico só gastou alguma tinta para encher de beleza o convento de S. Marcos de Florença.

Somos europeus. G. Ravasi, presente do Conselho Pontifício para a Cultura, numa conferência na Universidade de Salamanca – no começo do próximo ano estará em Portugal – insistiu na redescoberta da nossa herança cultural multifacetada. Na apologia da vertente cristã, lembrou algumas afirmações de grandes figuras da cultura europeia: para Goethe, a língua materna da Europa é o cristianismo; segundo I. Kant, a fonte da qual brotou a nossa
civilização é o Evangelho; T.S. Eliot, foi mais explicito: “Um cidadão europeu pode não pensar que o cristianismo seja verdadeiro e, contudo, o que diz e faz brota da cultura cristã da qual é herdeiro. Sem o cristianismo não teria havido nem sequer um Voltaire ou um Nietzsche. Se o cristianismo desaparece, desaparece também o nosso rosto”.

Encontrar-se, hoje, com o nosso património artístico, expressão da fé cristã, é fácil e barato. Para refazer a nossa alma na beleza e na pobreza, basta acolher a graça do Presépio.

 Frei Bento Domingues, o.p.
 

(Primeiro director da Lic. em Ciência das Religiões)

publicado por Re-ligare às 09:15
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